Discutir neste momento a avaliação dos professores é, quanto a mim, atirar areia para os olhos dos professores e da população portuguesa e tentar esconder as verdadeiras razões da luta dos professores.
Todas as conquistas que os professores e seus Sindicatos alcançaram ao longo destes 30 anos de lutas, de manifestações, de greves, foram em 2 meses destruídas com as alterações, feitas pelo governo de Sócrates, ao Estatuto da Carreira Docente.
Nestes dois últimos anos de reformas educativas os Sindicatos tiveram grandes culpas por esse passo atrás porque não souberam, ou não quiseram mobilizar os professores. Como órgãos eleitos por uma classe deviam defender verdadeiramente os seus interesses e denunciar as manobras nas negociações, não escamoteando as questões que verdadeiramente são importantes para a classe e para a educação no nosso país.
Pegando no que foi aqui escrito em -A Marcha da “Indignação”-, constatamos que de facto o PCP e outros partidos sempre estiveram presentes, directa ou indirectamente nas tomadas de posição dos sindicatos e, quanto a mim, aproveitam-se agora da justa luta dos professores para ganhar base de apoio (tendo em vista as próximas eleições?) junto dos professores, tentando mostrar que os defendem. Ao contrário do que esses sectores partidários dizem, a contestação não deve ser contra a avaliação dos professores (que sempre se fez) ou pelo seu adiamento, mas sim pela revogação, sem demora, das alterações introduzidas no Estatuto da Carreira Docente (e que incluem a avaliação dos professores) e ainda das restantes reformas educativas que são, quanto a mim, responsáveis pelo agravamento da situação da educação em Portugal.
Penso que exprimo o que todos os professores sentem, quando digo que, perante a possibilidade de se fazer uma reforma educativa no nosso país, os professores querem que ela seja bem feita, que seja no sentido positivo, que dignifique a nossa profissão e que contribua para a criação de um sistema educativo que responda efectivamente às necessidades dos nossos alunos, seja qual for o grau de ensino a que pertençam, porque eles bem o merecem.
Também penso que exprimo o sentir de todos os professores, quando digo que não queremos, nem aceitamos ser responsabilizados pela crise na educação, porque essa responsabilidade não nos cabe a nós, que somos apenas “executantes obrigados”, cabe acima de tudo a quem define e faz executar as políticas educativas, o Ministério da Educação e o seu governo.
Ontem foi uma grande manifestação (eu não fui), orgulho-me dela, mas não devemos ter ilusões, porque se os professores não fizerem mais nada e baixarem os braços fica tudo em “águas de bacalhau”. Quanto a mim isto é só o princípio e parece que, finalmente, contra tudo e contra todos, os professores estão finalmente unidos pelo mesmo objectivo.
Obrigado pela vossa atenção.
Otília Marques, Professora do Ensino Básico em Olhão
Otília Marques, Professora do Ensino Básico em Olhão
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