Artigo publicado no Publico on line
Abertura de barra deixa peixes mortos nas margens da ribeira de Alcantarilha
27.09.2010
Idálio Revez
"Os trabalhos não foram feitos em Agosto para que os turistas não vissem os efluentes poluídos a escorrer para o mar. Pescadores acham que acção já vem tarde para algumas espécies.
A Administração da Região Hidrográfica do Algarve mandou abrir, durante este fim-de-semana, a barra que liga a ribeira de Alcantarilha ao mar, para soltar peixes e águas poluídas retidas na lagoa que se forma atrás das dunas. "O rio está morto", constata David Lamy, membro da Associação de Pescadores de Armação de Pêra, atribuindo esse facto a um alegado deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).
Tânia Oliveira, que trabalha na pesca com o marido, testemunhou várias peixes mortos nas margens, mas também assistiu à viagem de cardumes de algumas espécies em direcção ao oceano. "Não se viu nem uma enguia. Em criança ia à pesca com o meu pai e, em meia hora, apanhava um balde de enguias, mas agora desapareceram", conta. Sargos, linguados e pargos encontram na ribeira um lugar privilegiado para o crescimento.
A abertura da barra não é contestada pelos pescadores, pelo contrário, é considerada "fundamental" para permitir que a lagoa funcione como maternidade. "A poluição é que é um crime", enfatiza Tânia Oliveira, reclamando "uma manutenção permanente para manter a barra aberta". As críticas dirigidas às entidades com responsabilidade na área do domínio marítimo dizem respeito ao facto de a obra só se ter realizado depois de passar a época alta do turismo. Quando se deu a "mortandade", em Agosto passado, queixa-se de que não lhes "quiseram dar ouvidos": "Recusaram abrir a barra, alegando que prejudicava o turismo." Mas neste fim-de-semana a praia voltou a encher-se. "E os banhistas tiveram oportunidade de ver gaivotas e peixes mortos nas margens."
Diferentes leituras
João Ministro, da associação Almargem, faz uma leitura diferente da situação. "Não há razão para as águas estarem poluídas, pois a zona é servida pela nova ETAR intermunicipal." De resto, explica o dirigente ambientalista, é essa infra-estrutura que "garante os caudais mínimos na lagoa dos Salgados [a cerca de três quilómetros de distância], garantido a vida nessa zona húmida, uma condição imposta pelo estudo de impacto ambiental".
Os pescadores em Armação de Pêra têm dúvidas de que as águas da ribeira de Alcantarilha estejam em boas condições. "Esta ribeira é uma sanita", reclama Tânia Oliveira, que questiona: "Se tudo funciona bem, porque morrem os peixes?"
David Lamy considera positiva a abertura da barra, mas acrescenta que não foi realizada na melhor altura. "Com o mar de fora, a forte ondulação fecha a barra de um dia para o outro e é o que já se está a ver."
Armação de Pêra vive da pesca e do turismo, com uma forte dependência do sector imobiliário e da construção civil. O PÚBLICO não conseguiu contactar ontem o presidente da junta de freguesia, Fernando Santiago, mas o autarca defendeu, em Agosto, citado pelo Correio da Manhã, que a forma de ultrapassar os problemas da zona seria a construção de uma doca turística na ribeira de Alcantarilha. O projecto é antigo, mas com a abertura da marina na Albufeira, ali ao lado, a ambição da autarquia esmoreceu."
Nesse excelente artigo de Idálio Revez, às tantas Tania Oliveira Diz "essa ribeira é uma sanita" e eu digo essa ribeira é uma sanita tal como é a Ria Formosa.
Mas as entidades competentes nada fazem para acabar com essas situações e depois dizem querer promover o turismo da Natureza.Mas essa gente pensa que ´assassinando a Fauna e fazendo desaparecer a Flora, que os turistas vem visitar o Algarve ???
Pensam que os turistas da Natureza querem vir ao Algarve ver as aves nos verdes Campos de golfe, que são mais um dos focos de poluição na Ria Formosa e da Ribeira de Alcantarilha, juntamente com as ETARs obsoletas e esgotos tóxicos que descarregam efluentes que não cumprem as leis comunitárias, envenenando assim as linhas de agua e a Ria Formosa?
De notar que João Ministro da Almargem aparece, em defesa da ETAR intermunicipal, depois de nada ter dito sobre a morte dos patos e dos cavalos marinhos na Ria Formosa.
a ARH não é presidida pela valentina calixto a amiga do leal, que fecha e abre barras a pedido e por encomenda?
ResponderEliminare não vai presa nem nada.
belo post para assinaar o dia do turismo.
ResponderEliminarno Algarve os responsáveis pelo turismo deviam de pressionar os responsáveis pelo ambiente na região, para acabar com essas situações que só envergonham os Algarvios.
quer dizer a ARH está à espera do fim da epoca balnear para abrir a barra mesmo que para isso os peixem tenham todos de morrer?
er não há que demita essa presidente da ARH que só faz é merda desde a morte do 5 turistas o ano passado com a queda da Falésia,sem que a ARH tenha assumido as suas responsabilidades. até essa situação em Alcantarilha,,mas que raio de poder tem essa mulher para nadfa lher acontecer pertencerá a alguma organização mafiosa? que só sabe é destruir o ambiente????
Mas esse João Ministro não é filho daquele senhor que vendeu os terrenos onde vão ser instalados o IKEA. Não saberá ele, que para fazer o Plano de Urbanização carece de Avaliação Ambiental Estrategica? Porque fica calado? Estes ambientalistas às vezes faziam melhor figura se ficassem calados.
ResponderEliminarFaz lembrar aqueles rapazes da Quercus que foram multados por abrirem um furo sem pedir licença.
alteração dos solos na ria formosa
ResponderEliminarDentro dos limites do parque são proibidas todas as actividades que prejudiquem significativamente o ambiente. Estão, assim, sujeitas a licenciamento do Parque as seguintes actividades:
ResponderEliminar. Alterações de topografia e uso do solo;
. Instalação de linhas aéreas eléctricas ou telefónicas;
. Construção, reconstrução ou ampliação de edificações;
. Corte ou colheita de plantas (ou flores ou quaisquer outras partes de plantas) fora das áreas agrícolas ou florestais.
. Caça ou cultura de espécies animais selvagens;
. Introdução de espécies exóticas de flora e fauna;
. Estabelecimento de novas actividades industriais, florestais, pecuárias, agrícolas, extractivas e desportivas;
. Instalação de estações de tratamento de esgotos.