O POLVO E O CANCRO

Com Cavaco Silva em primeiro ministro começámos por receber montes de bagalhuço. Era a adesão à, então, CEE. Foi com as "farturas", tempo de "vacas gordas" que começou a degenerescência moral e política dos servidores do grande capital. Deu-se dinheiro para não se cultivar e foram muitas as casas que grandes agrários compraram em Monte Gordo e Quarteira-Vilamoura. Deu-se dinheiro para se acabar com os barcos. Deixámos de produzir os bens essencias à nossa alimentação. Importamos 75% dos ceriais que consumimos, importamos uma parte significativa da fruta que consumimos, fazendo com que a nossa agricultura vá ficando cada vez mais pobre. As grandes cadeias de distribuição, que pagam a 180 dias, fazem com que os agricultores que ainda restam sintam cada vez mais vontade de abandonar o pouco que ainda temos. Os produtores de leite estão na mesma situação. É a ruina da agricultura e da pesca.

Deram-nos muito dinheiro para construirmos estradas, auto-estradas, pontes em nome de uma maior facilitação de acessos. Mas todas essas grandes obras redundadarm sempre em grandes derrapagens. A Expo-98 e a Ponte Vasco da Gama foram lançadas por Cavaco Silva e há muita boa gente que se lembra da pouca vergonha que constituíram aquelas derrapagens.

Foi com Cavaco Silva que começou a era dos "boy's". Seguiu-se-lhe Fernando Nogueira e forrobadó dos "lugares" pelo cartão laranja também continuou. Depois veio Guterres, autor da célebre frase "no  job's for the boy's" e foi o que todos vimos. E as fileiras do Estado foram engordando. Veio Durão Barroso com o discurso da "tanga" e a saga de engordar o aparelho de Estado continuou. Santana Lopes deu-lhe continuidade e Sócrates  foi o que todos nós sabemos.

Não estamos de tanga, como disse Durão Barroso. Estamos de fio dental. A linguagem pode ser brutal mas a verdade é que estamos a ser "enrabados" por uma classe política que não merece o sacrifício dos portugueses. Agora, Passos Coelho já veio dizer que afinal o buraco nas contas públicas é "colossal". Começou já a preparar o terreno para nos roubarem ainda mais e darem aos bancos e aos grandes grupos económicos. O corte de 50% no subsídio de Natal já é uma triste realidade e mais nos vão cortar se não reagirmos violentamente ao roubo que nos estão fazendo.

Nesta república das bananas ninguém vai preso por ser político, ainda que desonesto. Na Expo-98 tivemos o caso dos navios/hotel. Um imbróglio que nunca foi esclarecido mas que mexia com gente graúda do P"S". Na derrapagem das contas da Expo-98 e da Ponte Vasco da Gama não se apurou responsabilidades. A culpa vai, sempre, morrendo solteira.

Ao longo dos diferentes mandatos temos tido uma sucessão de casos vergonhoso mas não tão abertamente como na governção de Sócrates. Será que Passos Coelho terá a coragem de fazer sentar alguém  

 no banco dos réus por gestão danosa do Estado? Ninguém acredita que tal aconteça.

Nas autarquias, o polvo foi crescendo bem como na administração regional. Os boy's pululam por tudo quanto é sítio. Ganhou o PSD, deita-se abaixo quem é do P"S" mas não há a coragem de mandar embora os boy's. Quem vai pagar a factura desta mixórdia é sempre o mais pequeno. O exemplo dos CTT é

bem elucidativo. O conselho de administração fez em 2 anos os quilómetros previstos para 4. Quem vai pagar a factura? Os mais pequenos porque são esses que são os malandros que não querem trabalhar, são esses que acusam falta de produtividade e de competitividade. Nas autarquias quem vai pagar a factura? O cantoneiro de limpeza porque os acessores de imagem de um qualquer labrego arvorado em vereador é mais útil à nomenclatura. É assim que funciona este malfadado País.

Grécia, Portugal e Iralnda já estão no "lixo". A Itália só tem 300 mil milhões de euros a vencer no prazo de 12 meses. A peocupação dos alemães e franceses não era muita. Portugal e a Grécia até se suporta bem. A Itália, já não, A Itália é só a 4ª economia da europa e a 3ª da zona euros. Alemanha e França não tem como aguentar o resgate da Itália, para não falarmos da Espanha. É o cancro em fase terminal. Basta só a Itália ir para a bancarrota, para a UE também ir. Muito do que entrou na Grécia, em Portugal e Iralanda, proveio de bancos alemães e franceses. Em caso de bancarrota destes países, mais a Itália e a Espanha, é o fim da banca europeia e não só.

Ontem houve Conselho Nacional do PSD e Passos Coelho deu razão para a avaliação que a Moody's fez do rating português. Então se o é o próprio chico-esperto a dizer que o buraco é colossal, como querem que uma entidade estrangeira, ainda por cima, americana e interessada em defender o dólar, reaja? Os juros da dívida espanhola e italiana estão à beira dos 6%. 7% era aquilo que o "nosso" anterior ministro das finanças entendia como sendo a meta para se pedir ajuda ao FMI. Significa que estes países estão bem perto de etrem que pedir ajuda também, sendo que para eles não dinheiro para o resgate. A espanha em 8º lugar e a Itália em 9º no clube da bancarrota. Pode ser que haja um "milagre" que "abafe" os efeitos deste cancro...