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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

OLHÃO: CRIME AMBIENTAL PUBLICO


                                OLHÃO POENTE


MÊS
QUIN
CBO5
CQO
SST
Pt
Nt
FEV.
34
-
57
6,9
49

19
-
107
6,8
47
MARÇO
28
-
83
7,0
40

7
72
105
7,0
46
MAIO
24
-
81
6,4
39

18
115
52
6,4
37
JUNHO
17
-
53
6,8
42

16
-
80
7,4
42
SET
9
139
92
7,1
40

11
-
77
7,5
40
JAN
18
-
118
7,9
51

14
-
122
8,2
59
FEV
25
-
151
8,1
64

15
-
107
8,9
24
MARÇO
37
-
104
9,0
67

18
-
107
8,7
67
ABRIL
7
-
115
8,3
57

16
-
114
7,9
50
MAIO
18
-
154
8,0
49
JUNHO
4
-
91
8,8
49

42
-
53
8,0
47
JULHO
22
90
150
9,0
50

16
100
61
9,0
40








                                   PARÂMETROS EXIGÍVEIS
CBO5
CQO
SST
Pt
Nt
25
125
35
2
15
              EM CASO DE INCUMPRIMENTO – DESVIO ACEITE
     
CBO5
CQO
SST
100% - 50
100% - 250
150% - 87

A tabela de cima, extraída do site das Águas do Algarve, entidade gestora do sistema multi municipal de saneamento básico, dá-nos os valores das descargas das águas residuais urbanas  da ETAR Poente de Olhão para a Ria Formosa.
Os dois outros quadros foram retirados do site do Instituto Nacional da Agua e deles se pode fazer uma pequena reflexão, especialmente para o quadro de baixo, onde se vê que as nossas entidades publicas pensam em matéria de ambiente ao permitir desvios que podem ir até 150%. Bem podiam contornar a coisa de outra forma impondo os valores indicados em baixo sem citar os de cima. Um cambalacho à portuguesa.
A Ria Formosa é, tecnicamente, uma laguna, classificada como zona sensível, e é divertido ver, que apesar de fazerem a despistagem de Fosforo (P) e Azoto (N), os números apresentados não contam para efeitos de incumprimento, pelo menos pela Inspecção Geral da Agricultura, do Mar,do Ambiente e do Ordenamento do Território, pela chamada Agência Portuguesa do Ambiente e seus serviços desconcentrados Administração da Região Hidrográfica, entidade licenciadora. Diga-se que uma laguna, é um lago ligado ao mar por meio de canais, no caso as barras artificiais (2) e naturais (4) assoreadas, e que não permitem a renovação de águas.
Ainda assim, só em SST, temos 14 EM 23 analises em incumprimento para lá do desvio permitido; em CQO das 23, apenas em 5 são apresentados resultados alguns dos quais em incumprimento mas dentro do "desvio" aceite, já em Fosforo e Azoto das 23, nem uma única cumpre.
Os SST, são sólidos em suspensão que turvam as águas, não permitindo a realização da fotosintese das plantas aquáticas, processo pela qual é produzido o oxigénio dissolvido, com a agravante de no processo de decomposição consumir o pouco oxigénio presente na agua da Ria.
O Fosforo é um nutriente que favorece o desenvolvimento descontrolado de micro algas, algumas delas toxigenas, que no processo de decomposição, consomem oxigénio.
Se tivermos em conta que o oxigénio é produzido apenas durante o dia, através da fotosintese, compreende-se bem o desastre que estas ETAR estão a provocar na Ria Formosa.
Neste contexto, assistimos ao desaparecimento das plantas aquáticas que sucumbem, sendo cada vez menor a produção de oxigénio, e consequentemente a biodiversidade da Ria Formosa está cada vez mais afectada, e colateralmente registam-se elevados níveis de mortandade em espécies piscicolas e moluscicolas, degradando as condições de vida das populações indígenas.
À população da Ria Formosa não resta senão revoltar-se contra este crime ambiental gravíssimo perpetrado pelas entidades publicas com responsabilidades em matéria de ambiente, desencadeando todo o tipo de acções que obriguem os criminosos a reporem o bom estado ecológico das águas da Ria Formosa.
REVOLTEM-SE, PORRA!

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