Por mais que pretendam dourar a pílula, a proposta do Plano de Pormenor aponta para a completa descaracterização do edificado da Zona Histórica. As encenações apresentadas servem apenas para justificar os atentados contra a Zona Histórica, contra os moradores e pequenos proprietarios.
O Plano que inicialmente era encarado como de Salvaguarda depressa mudou para de Reabilitação, embora aqui e ali se introduzam normas que desde sempre deviam ter sido cumpridas mas às quais a Câmara Municipal de Olhão sempre vez vista grossa.
Basta olhar-se para a Avenida 5 de Outubro para perceber que algo não vai bem no reino socialista. O Regulamento Municipal de Urbanização e Edificação definia regras para as cores a que devia obedecer o edificado, mas a Câmara permitiu que transformassem aquela Avenida num verdadeiro arco-íris.
Mas vamos ao que importa e vejamos o que nos diz a proposta de Plano:
!...nas restantes zonas assistimos a uma desertificação do centro e a substituição das actividades outrora aí existentes por outras do foro de uma economia paralela menos licita.
Até dá a impressão que a Câmara não promoveu essa desertificação, denunciada há anos, como consequencia da sua politica habitcional. Vir denunciar nesta proposta de Plano que existem actividades económicas paralelas ilícitas, é um acto da mais completa estupidez, visto que se existem e a autarquia delas tem conhecimento, está obrigada a tomar pedidas impeditivas que tal aconteça. Ou será que a proposta do Plano se refere à actividade dos ciganos na 5 de Outubro?
...e considerando ainda a absoluta necessidade de atrair a este centro mais residentes, sejam permanentes ou temporários, julgamos absolutamente necessário permitir a possibilidade desse crescimento ou densificação do edificado...
Esqueceram-se os estudiosos desta proposta de Plano do que disseram antes, uma vez que se o centro histórico está desertificado, estão criadas já as condições para aumentar o crescimento de residentes, bastando para isso a recuperação do património edificado, não sendo necessário a dita densificação do edificado. A propalada densificação, não é mais do que abrir a porta aos interesses do sector imobiliário, dos quais os nosso autarcas são fieis testas-de-ferro.
Em síntese e abstraindo por afora dos conceitos legalmente definidos para as diversas operações urbanísticas a implementar, o Plano preconizará uma modificação substancial de parte do edificado tendente a uma alteração volumétrica, com a intenção de densificar a ocupação da parcela em questão... (pág. 26).
E aqui foge a boca para a verdade, ao admitir que este Plano tem como objectivo aumentar a capacidade construtiva para satisfação do sector imobiliário sem o mínimo respeito pelas caracteristicas históricas do edificado, indepentemente das suas influencias serem algarvias, alentejanas, galegas ou mouras.
O aumento da volumetria obviamente que vai alterar as caracteristicas do património edificado apesar de, naquilo que vier a ser construído, introduzir elementos que fazem parte das caracteristicas dominantes na malha urbana do centro histórico para alem de que, a ser aprovado este Plano, habilita à demolição do edificado existente para o substituir por outro de maior volume. Na pratica é o aumento do índice de construção, tão a gosto dos interesses imobiliários.
REVOLTEM-SE, PORRA!
É uma autêntica vergonha o que tem acontecido, e vai continuar a acontecer, não preservarem o modelo arquitetónico da cidade velha. Os nossos autarcas não têm capacidade para gerir os interesses dos olhanenses, mas sim os interesses deles.
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