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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

RIA FORMOSA: PROSSEGUE A FARSA DAS ETAR

Desde há muito que vimos chamando a atenção para a reutilização das águas residuais tratadas como alternativa à poluição provocada pelas suas descargas nas massas de agua.
Como se pode ver na imagem, desta vez, são as próprias entidades publicas envolvidas no licenciamento e exploração das águas residuais quem promove um debate sobre o assunto de extrema importância para quem trabalha na Ria Formosa.
Lamentamos que o ainda presidente da Câmara Municipal de Olhão e vogal do conselho de administração da Águas do Algarve não tivesse procedido à divulgação deste debate quanto mais não fosse na pagina da Internet da autarquia. Percebemos que ele não queira conversas sobre este assunto, porque desejando correr com o pessoal da Ria, está ele.
As águas residuais urbanas são a principal causa da morte dos bivalves na Ria Formosa, ainda que de forma indirecta, uma vez que os sólidos em suspensão, massa fecal, é o meio adequado à proliferação do Perkinsus Atlanticus, o parasita que ataca e mata a ameijoa. Sem se eliminar a caca que todos os dias é metida na Ria, jamais se conseguirá erradicar o parasita.
Para alem dessa faceta, a caca turva a agua, não permitindo a realização da foto-síntese das plantas de fundo, as principais produtores do oxigénio. As plantas de fundo são ao mesmo tempo produtoras e consumidoras de oxigénio, pelo que se não contribuírem para a produção acabarão por sucumbir e é ver-se como tem desaparecido a seba e com ela as espécies piscicolas que procuram no seu seio a protecção para a reprodução.
Mas não se trata somente da caca, mas também dos nutrientes como o fosforo e azoto que ajudam, aceleram o crescimento e reprodução do fitoplancton, provocando um desequilíbrio entre as plantas que vivem no meio marinho. Este fitoplancton, em quantidades apreciáveis acaba por consumir o oxigénio da agua, num ciclo em que os bivalves mais frágeis, não resistem, particularmente na época estival.
A maior parte do fitoplancton descarregado pelas ETAR é potencialmente toxigeno e que em determinadas condições ambientais, degenera em biotoxinas, o que contribui para o aumento quantitativo dos episódios de contaminação e consequente interdição da apanha de bivalves (só no ano passado foram cinco meses seguidos).
Este debate surge no momento em que é anunciada a construção da nova ETAR Faro-Olhão pelo que assume particular importância. Vão-se gastar doze milhões de euros na nova ETAR quando as águas poderiam ser reutilizadas e evitar a sua descarga na Ria Formosa.
Por melhor que sejam tratadas as águas residuais, elas conterão sempre um mínimo de 2mg/l, o que no caso da nova ETAR corresponderá a cerca de 40Kg de fosforo por dia, formando uma enorme calda prejudicial ao meio marinho.
E aqui coloca-se a questão porque carga de agua, a poluição feita em terra tem de ser lançada ao mar?
NÓS ESTAREMOS LÁ. E TU? VAIS PARTICIPAR?

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