Algarve: mais uma legislatura de zero soluções!
Com um parlamento, um Governo e um Presidente de direita às ordens da
Troika e apostados em pagar uma dívida que não foi contraída pelo povo e
que dela não beneficiou, o Algarve só não mergulhou numa crise mais
profunda, porque não lhe podem roubar o Sol e praia e, como todos sabem,
não sendo um activo alienável de receita gulosa imediata, os algarvios
vivem (seria mais justo e sério dizer sobrevivem) do seu aluguer por um
período de tempo cada vez mais curto.
Empurrados para a prisão de
uma região terciária, onde as forças produtivas são residuais e até as
da pesca não escapam à mortandade, uma fúria de décadas que alocou
muitos milhões de subsídios voláteis, digamos que o Algarve foi
apunhalado por sucessivos discursos eleitorais, na convicção dos que se
fizeram eleger e funcionaram de cerviz curvada como porta-vozes dos
interesses centrais de cada partido, sem excepções, constituindo os
painéis de declarações sobre os problemas concretos da região a prova da
sujeição, porque nunca bateram certos com os votos sentados e bem
remunerados de apoio às decisões do centralismo do poder.
Falar da
existência de uma estratégia para o Algarve é falar de saco roto, na
medida em que ela nunca foi determinada de baixo para cima e a região
foi sempre integrada em planos mais gerais da gestão do país pelos
sucessivos Governos. As verbas orçamentais sempre foram exíguas e para
cumprir calendário, as infra-estructuras levadas à exaustão, as queixas
regionais colocadas na pilha dos papéis e, eventualmente, saltaria
alguma por lotaria eleitoral, a visão de linhas de desenvolvimento e o
planeamento uma miragem, quer para a acção pública ou privada, mas as
estruturas humanas da nomenclatura e dos atropelos mantiveram-se bem
recheadas, tanto de opulência como de vazio. Era o tempo em que o Sol
chamou o delírio da sobre-construção e da corrupção, os corredores e os
cofres públicos pululavam em festas, chegou aos PIN e acabou num grande
pinote, com os contribuintes e a criação de riqueza a serem
penalizados...
Esta parcela a sul que foi e é um pilar de divisas,
que deu mais dimensão internacional ao país pelas suas amenidades
turísticas e subiu ao patamar de região desenvolvida do espaço europeu
(?!), um preciosismo que se revelou ainda mais prejudicial, porquanto
saímos da orla dos grandes investimentos estruturais e o Governo não tem
de canalizar verbas, funcionando apenas o mapa e os critérios
enviesados e de má memória das velhas rúbricas de cada Ministério, em
termos homólogos nos rácios de desenvolvimento, as condições da
estrutura económica de sustento da população degradaram-se a todos os
níveis, desde a desvalorização salarial ao conjunto dos factores que
determinam a qualidade de vida, passando pela transferência e
consequente diminuição dos dinheiros em circulação e a falta de
perspectivas a qualquer prazo de que a situação seja compreendida,
quanto mais invertida.
É neste quadro que devemos julgar os
deputados e as sedes que nos pediram os votos, quando assistimos de novo
ao estilo de salvar a pele, havendo entre os últimos eleitos quem se
arvore a raiz de algumas promessas que vão chegando...
Pobre Algarve que tarda em dar um pontapé na coisa...
Luís Alexandre
Presidente da ACOSAL
Noticia retirada do Blog Faro Activo
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