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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

OLHÃO:FESTIVAL DO MARISCO MAQUILHADO

Desde os primórdios da televisão em Portugal que temos assistido à grande capacidade daquela influenciar as pessoas, de tal forma que se gastam milhões em publicidade, quanto mais não seja para promover um detergente ou um tira-nódoas. Nos tempos mais recentes apareceram as grandes superfícies a meterem-nos nas caixas do correio todo o tipo de publicidade.
Se quisermos ter algum sucesso, ele passa sempre pela capacidade de influenciar, seja o que for,em nosso favor. Ninguém como os políticos percebeu que se quiserem alcançar algo, terão de apostar forte, muito forte, na publicitação das suas acções dourando-as o melhor que puderem.
Este tipo de manipulação da consciência das pessoas deve ser rebatido, mostrando-lhes o quão falso são as mensagens que o Poder politico, a qualquer nível, pretende fazer passar. E é nesse contexto que nos pronunciamos na maioria das vezes, procurando chamar a atenção das pessoas, não habituadas a filtrar a informação que lhes chega.
Vem isto a propósito da posição do presidente da Câmara Municipal de Olhão relativamente ao Festival de Marisco, e que podem ser lidas em http://www.cm-olhao.pt/destaques2/1956-edicao-de-2016-do-festival-do-marisco-encerra-com-mais-de-50-mil-visitantes, apontando-o como um sucesso.
As primeiras edições do Festival de Marisco, uma organização de pessoas ligadas ao Sporting Olhanense que procuravam com isso arranjar uns cobres para o clube, e à vida do mar donde ganhavam o sustento. O Festival tinha e tem uma raiz popular, que como é costume, quando alcançam algum sucesso, logo é abocanhado pelo Poder politico que o transforma, para seu proveito.
No passado, tínhamos uma frota de arrasto, que assegurava vários tipos de crustáceos e uma Ria cuja principal riqueza eram os bivalves; as duas categorias eram e continuam a ser as grandes atracções gastronómicas do Festival, embora os crustáceos já não seja nenhum da nossa costa e parte dos bivalves também não.
O Festival do Marisco, é cada vez mais um evento musical e menos gastronómico, que vem revelando, à medida que os anos passam estar em fim de carreira se não for mudado o seu figurino, de nada valendo vir dizer-se que estiveram 50.000 pessoas presentes quando nas edições antigas falam em sessenta mil.
Na ressaca dos números apresentados, chega-se com facilidade que pelo menos metade do marisco, vem de fora, nada tendo a ver com a Ria Formosa. Dos 10.000 quilos de marisco no total, metade são bivalves,  com 5.000 quilos, sub-divididos por ostras, ameijoa, longueirão, conquilha ou berbigão.
Significa que a manter-se a tendência sempre decrescente, o peso dos bivalves será cada vez menor, e tanto pior será, quanto mais elevado for o preço cobrado ao consumidor, mas que não é acompanhado pela subida ao produtor, que cada vez enfrenta mais dificuldades.
Ou seja, a tendência será para os produtores de bivalves, excepção aos das ostras, serem marginalizados num evento que contava muito com a participação deles.
Porque já nos habituaram à mentira, gostaríamos que, pelo menos uma vez em tantos anos de Festival, fossem apresentadas as contas do mesmo, para sabermos se efectivamente os 50.000 foram pagantes e qual a percentagem de borlas. É que de acordo com os números apresentados, com tanto pagante a receita de portaria rondaria os trezentos mil euros.
Mas também gostaríamos de saber porque carga de agua, um evento publico não tem um Regulamento e uma tabela que possa ser consultada para se saber quanto custa um metro de espaço, seja linear ou quadrado; e já agora saber quem paga e não paga os espaços e quais os custos das comesaimas dos convidados da autarquia.
O Festival de Marisco, em termos de números, é objecto de uma autentica maquilhação!
Lembramos ao presidente da câmara que no final do próximo mês, se realiza a feira de Cartaya, Espanha, cujo município já teve um protocolo com a autarquia de Olhão e que mete cinco vezes mais pessoas que o Festival de Marisco no mesmo espaço de tempo.O medíocre presidente não perdia nada em visitar  certame e dele retirar indicações para uma possível adaptação e desenvolvimento futuro, integrando os produtores de bivalves.
Em lugar de ir para a comunicação social vangloriar-se de mais um sucesso, publique as contas e dê transparência ao processo! Deixe-se de maquilhagem!

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