Viva o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora!
Uma efeméride
a recordar, quando as mulheres operárias em Petrogrado, precisamente há
cem anos ousaram lutar contra o regime czarista.
Há cem anos,
no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, a 23 de Fevereiro de 1917,
segundo o calendário juliano então ainda em vigor na Rússia, as
operárias têxteis de Petrogrado mobilizam-se em protesto contra as duras
condições de vida e começa a queda do Czarismo.
"Na primeira metade do referido mês de Fevereiro de 1917, a escassez de
alimentos levou a distúrbios na capital, Petrogrado. Em 18 de Fevereiro
(C.J.) a principal fábrica de Petrogrado, a Usina Putilov, anunciou uma
greve; os grevistas foram sumariamente despedidos e algumas lojas
fecharam, o que causou inquietação em outras empresas. Em 23 de
Fevereiro (C.J.) (8 de Março, C.G.), uma série de reuniões e
manifestações aconteceram por ocasião do Dia Internacional das Mulheres
Trabalhdoras.
Trabalhadoras têxteis em manifestação apedrejaram
janelas de outras fábricas para chamar os operários a se juntarem a
elas, gritando "Abaixo a fome! Pão para os trabalhadores!". Depois
começaram a virar eléctricos e atacarem uma grande padaria. Este tipo de
agitação não era novidade. O que houve de novo, e foi notado pelas
testemunhas da época, foi que a polícia não os reprimiu. Os grevistas
não procuraram esconder seus rostos sob o casaco como de costume. Um
oficial cossaco gritou a alguns grevistas liderados por uma velha, "Quem
vocês seguem? Vocês são liderados por uma velha bruxa." A mulher
respondeu "Não por uma velha bruxa, mas pela irmã e mãe de soldados que
combatem na frente". Alguém gritou, "Cossacos, vocês são nossos irmãos,
vocês não podem atirar em nós." Os cossacos, símbolos do terror
czarista, foram embora."
C.J. -calendário juliano
C.G. -calendário gregoriano
Da Wikipédia, Revolução de Fevereiro.
Nota do Olhão Livre.
Em
Olhão nos últimos anos temos visto o actual presidente da C.M.Olhão,
esbanjar dinheiro publico em estátuas sobre lendas que foram criadas
pelos contrabandistas da altura, para afastar as pessoas de certos
lugares, para o contrabando se fazer mais à vontade, mas nem um só
cêntimo foi gasto em Olhão, de modo a perpetuar na memória das gerações
vindouras a vida de trabalho e exploração das laboriosas operárias
conserveiras de Olhão..
Para quem é novo e não sabe da história
fiquem sabendo que antes do 25 de Abril foram das mãos delas que saiu a
riqueza de certos industriais, muitos deles sem escrúpulos, que no
tempo da fartura da sardinha enchiam as fábricas de sardinha cavala
biqueirão, e as obrigavam a trabalhar 12 horas diárias.
Os filhos
bébés dessas corajosas operárias conserveiras, eram deixados em creches,
que de creches só tinham o nome, pois não passavam de depósitos de
bébés que eram deitados e dormiam, em caixas de conserva para encaixotar
as latas de conserva,salvo raras excepções em que os industriais mais
humanos, criavam um mínimo de condições, fazendo creches condignas para
albergar os filhos das operárias conserveiras..
Refeitórios não
havia, uma hora de almoço e era um regalo, quando havia muitas
operárias a trabalhar afastadas das suas casas, quase 3 km da fábrica,
que eram onde as rendas eram mais em conta.
A maior parte das
fábricas tinha um numero de operárias efectivas que lhes garantia três dias de trabalho, ganhando
ordenados de miséria e muito menos que os operários conserveiros, que
eram em muito menor que as operárias de conserveiras.
Quando
havia fartura de peixe na costa fosse ele sardinha cavala biqueirão ou
xarro branco os patrões aproveitam a baixa de preços e toca de colocar
operárias emprestadas ou seja metiam ao serviço qualquer operária só até
escoar a fartura do peixe comprado nos dias que o peixe ia barato.
O
sinal que os patrões precisavam de mão de obra barata e extra, extra,
era dado ao içar duas Bandeiras( pois uma Bandeira era içada, sempre que
a fábrica comprava peixe), e apitar os apitos que os fogueiros
apitavam com a pressão do vapor das caldeiras.
O apito da fábrica e cada uma tinha o seu apito característico, era o sinal esperado, das operárias que não eram efectivas,então um exército de mão de obra barata corria para a fábrica, na
esperança de serem escolhidas para trabalhar; eram elas a principal
força de trabalho desta indústria, desenvolvendo frequentemente a sua
actividade em condições deploráveis.
Muitas dessas
operárias pagam ainda hoje o roubo feito pela falta de pagamentos de
certos industriais que até ficam os descontos, que descontavam às
operárias para a Caixa de Previdência,estando hoje a maior parte dessas
operárias a receber reformas que são uma autêntica miséria.
Sentem
hoje na pele os roubos feitos pela benevolência do antigo regime,com
esses industrias que roubaram os descontos das operárias.
Para quando a verdadeira homenagem a essas operárias conserveiras de Olhão?
Nós no Olhão Livre, não deixaremos que Olhão viva de lendas... Tentando apagar um passado recente, sem que se diga uma palavra sobre esse força de trabalho, onde essas valentes mulheres foram o expoente máximo, dessa exploração desenfreada.
Obrigado OL. Que esse tempo da memória nunca seja apagado.Somos anões nos ombros de gigantes.
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