As populações, em geral, não prestam atenção à falta de qualidade de vida que se vive nas cidades, estando habituadas a aceitar com naturalidade aquilo que o Poder político apresenta como sendo uma virtude.
Os espaços verdes de utilização colectiva conferem ao meio urbano mais qualidade não só porque servem para filtrar a poluição do ar, do ruído, cada vez mais presentes como para o lazer em especial dos mais novos.
E por isso, os planos de gestão territorial, impunham que nas operações de loteamento fossem fossem cedidas determinadas determinadas áreas para esse fim.
No caso de Olhão, o PDM que pode ser lido em http://mapa.cm-olhao.pt/docs/PDM_OLHAO_50_95.pdf, o artigo 84ª, estipulava que tais áreas de cedência deviam ir até aos 50% da área bruta de construção. Quando não se justificassem a cedência de tais áreas, e isso é a autarquia quem decide, dariam lugar ao pagamento de um determinado valor em conformidade com o artigo 85º, ou seja ao pagamento de metade daquelas áreas pelo valor de mercado.
Para uma melhor compreensão, e a titulo de exemplo diríamos que no caso de um loteamento de 100 fogos com 100 metros quadrados cada, as áreas de cedência seriam de 5.000m2.
100X100=10.000;2= 5.000m2
Supondo que o m2 teria o valor de mercado de 200 euros, então o Município arrecadaria metade dos 5.000m2 (2.500m2)X 200=500.000 euros.
Acontece que a Câmara Municipal, e quase todas do País enveredaram pelo mesmo caminho, entenderam que era um valor demasiado elevado para a ganância dos patos bravos, logo resolveram engendrar uma formula que reduzia substancialmente aquele valor, utilizando para isso uma coisa chamada de Regulamento Municipal da urbanização e Edificação, como a seguir se explica.
K1xK2xA1xV:10 em que
K1=0,015; K2=0,60; A1=2.500; V200
Feitas as contas: 0,015x0,60x2500x200:10= 450 euros
Deste modo, os patos bravos, gananciosos, esfregaram as mãos de contentes, porque viram os seus custos reduzidos à milésima parte, e que claro preferiam pagar aquele pouco do que entregar os tais dois mil e quinhentos metros quadrados para espaços verdes e equipamentos de utilização colectiva, ainda que á custa da qualidade dos empreendimentos e da vida dos futuros moradores.
E por isso as cidades e vilas deste País que aderiram a esta forma de gestão autárquica, foram-se desenvolvendo sem espaços verdes e equipamentos colectivos, onde as nossas crianças e jovens tenham a oportunidade de brincar e praticar desporto de forma livre e expontanea.
É este o futuro que queremos para as nossas cidades?
ACORDEM!