Todos os anos é a mesma coisa, chegado o Verão é vermos a floresta portuguesa a arder, com os responsáveis políticos a sacudir a agua do capote, empurrando de uns para outros as responsabilidades que lhes cabem em conjunto ou cada um por si.
No inicio da década de setenta fui convocado para um incêndio em Arganil e o que mudou de lá para cá, foi a alteração de caminhos de terra batida por asfalto. De resto os corredores de segurança para protecção de pessoas e bens mantêm-se quase inalteráveis.
Se aos governos cabe decidir até que ponto deve ir a faixa de protecção à volta das casas e as que ladeiam as estradas, cabe às autarquias, onde em regra os presidentes detêm o comando da protecção civil, verificar localmente se estão a dar cumprimento à criação das tais faixas. As imagens recentes mostram-nos casas e estradas onde se vê claramente não terem sido criadas.
Claro que isso tem que ver também com a propriedade da terra, mas aquilo que nos trás hoje aqui é outra coisa.
Desde que Álvaro Barreto foi ministro da agricultura, antes de ir para a administração de uma das celuloses, que o eucaliptal cresceu desmesuradamente. Outros lhe seguiram as pisadas e o eucaliptal vem aumentando de ano para ano, e nalguns casos, apoiado com subsídios do estado.
Para que queremos tanto eucaliptal, que nos leva a sermos um dos países com maior produção de papel, se não consumimos mais que uma pequena parte do que produzimos? Essa é a questão que ninguém quer aflorar.
A questão é que para branquear a pasta de papel, as celuloses gastam toneladas de cloreto ou derivados e o cloreto mata a vida. Ao descarregarem as aguas utilizadas no processo de lavagem da pasta de papel, as celuloses acabam poluindo os rios, matando a vida neles presente.
Essa é a razão porque países que até são fornecedores da tecnologia utilizada, não produzem papel, deixando que sejam países com menos recursos a fazê-lo. Claro que a ganancia dos empresários portugueses, a sofreguidão pelo dinheiro, o lucro fácil, leva a minimizar os efeitos da sua actividade criminosa.
Se tivéssemos um ministério do ambiente a sério e outro galo cantaria, encerrando as celuloses. Aí já não haveria produção de eucaliptos. Isto sem esquecer os efeitos nefastos do eucalipto nos solos.
Assim temos, a degradação da qualidade dos solos, a poluição dos rios e os incêndios, tudo em nome da industria de celulose. Porque temos nós de levar com industrias que os países com mais sensibilidade ambiental não querem?
O poder da MAFIA.
ResponderEliminar