A generalidade da nossa classe política entende que o facto de terem sido eleitos lhes confere poderes para decidirem contra as populações, destruindo o seu património histórico e cultural e modo de vida.
A alternância de poder faz-se para se manter um regime cuja legitimidade lhe é concedida pelo voto dito democrático, sem alterações significativas a não ser no modo porque quanto aos objectivos finais continua tudo na mesma.
Com a economia e finança a ditar as regras políticas, o actual modelo de governança cinge-se a números, deles se servindo para destruir o que de melhor temos.
Cacela Velha, seja o sitio da Igreja ou da Fabrica, é um exemplo de como se maltrata o nossa património histórico, humano e edificado, sem respeito algum pela historia do Povo.
A Fabrica está, quase, completamente descaracterizada, com as casas do então pequeno núcleo piscatório a serem destruídas para dar lugar a casas de veraneio. Correm-se com os residentes com fracos recursos económicos para o substituir por abastados veraneantes que só aqui vêm na época estival. No fim, fica a desertificação. Não há pessoas, aquelas que construíram, a aldeia e que foram a sua génese.
Na Igreja, algo de semelhante, embora aqui a associação de defesa do património, a ADRIP, se esforce por manter as características essenciais do povoado, seja no património histórico edificado ou humano, como em tudo que o rodeia.
Na semana que agora findou, tomámos conhecimento de que a Policia Marítima tentou identificar os proprietários dos últimos três apoios de pesca, umas barracas, muito provavelmente para as demolir, a pretexto de uma denuncia anónima. Barracas com mais de quarenta anos!
As três barracas deveriam ser objecto de um restauro e serem classificados como património histórico do núcleo piscatório de Cacela Velha. Um Povo sem historia, sem referencias, é um Povo facilmente dominado. Cabe à Câmara Municipal de Vila Real de Sº António promover a recuperação daquelas barracas, e se não tem vocação para proteger o património que o entregue à associação.
Por outro lado, sabemos também que têm decorrido trabalhos de limpeza de terrenos junto ao ribeiro e que chegam ao ponto de lavrar o acesso ao mar.
Suspeita-se de que esteja em curso mais uma plantação de abacates à qual se poderá juntar um empreendimento de turismo rural. Por enquanto são apenas suspeitas mas deve ser dada particular atenção a uma zona que faz parte integrante do Parque Natural da Ria Formosa.
E porque assim é, aqui deixamos um link para legislação que proíbe a introdução de espécies não indígenas na natureza, desde que não hajam outras espécies alternativas, sendo que naquela zona deve predominar a cultura de sequeiro como a amendoeira, a alfarrobeira, a oliveira ou a Figueira. Ver em, o Anexo IV https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/lc/45/201704120948/exportPdf/normal/1/cacheLevelPage?_LegislacaoConsolidada_WAR_drefrontofficeportlet_rp=índice.
Um pouco por todo o Sotavento algarvio sopra o vento da ocupação turística que corre com os residentes e assassina o bem estar das populações locais.
Defender Cacela, o ultimo reduto selvagem do nosso Algarve, é uma obrigação de todos nós.
História com dias contados e tudo o mais que atrapalhe os negócios da MAFIA. O povo é quem mais ordena, né?
ResponderEliminarCivilizar o que resta de selvagem, rápido a bem ou a mal. Missão actualmente só possível para os atentos e competentes monges da Ordem do Bago.
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