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quarta-feira, 17 de junho de 2020

OLHÃO: DO MARKETING À REALIDADE DOS NUMEROS

Ontem comemorou-se mais um dia da cidade com o presidente a tecer algumas considerações que nos parecem desajustadas da realidade ou de uma analise enviesada dos números, dos quais se faz eco o Sulinformação, como se pode ver em https://www.sulinformacao.pt/2020/06/a-nova-olhao-e-dos-cavalos-marinhos-e-das-operarias-fabris-mas-tambem-dos-estrangeiros/.
A verdade é que o concelho perdeu habitantes no período compreendido entre 2010 e 2018, já que na primeira data tinha 45.162 residentes e no ano de 2018 registava 44.728. Sobre esta realidade ninguém se pronuncia quando corresponde ao período do resgate financeiro e da austeridade que levou milhares de jovens a emigrar por falta de condições de vida.
Também a população jovem, com menos de quinze anos, regista uma quebra enquanto aumenta o numero de idosos passando de 17,2% para os 19,9%.
Apesar de ser confrontado com os números, o presidente conseguiu ver um crescimento da população em idade activa quando na verdade ela diminuiu passando de 66,1% para 64,4%. Será que o presidente já não consegue descortinar os números ou trata-se de marketing politico?
A população estrangeira cresceu bastante fruto da campanha publicitaria com a participação em eventos internacionais como a Feira do Imobiliario passando de 3051 para 4058. A maioria deles reformados nos países de origem, com mais poder de compra que os nacionais, que embora gastem dinheiro no concelho acabam por contribuir para o aumento do custo de vida, acima do crescimento dos rendimentos dos residentes nacionais.
No campo da habitação, descrito na infografia como alojamentos familiares clássicos, verifica-se que no período em causa apenas foram construídas 461 casas, passando de 26.124 para 26.585, na maioria dos casos para segunda habitação ou destinada a pessoas de rendimentos superiores, havendo um défice muito grande de habitação para a população jovem e para pessoas carenciadas, o que é revelador da politica liberal da autarquia.
Regista-se um crescimento de empresas não financeiras mas nem por isso no sector produtivo, sendo a maior parte delas ligadas ao turismo ou restauração. Se em 2010 existiam 5143 em 2018 haviam 5569. No entanto a taxa de desemprego, o trabalho precario e ou sazonal continuou imparável, mal contribuindo para o desenvolvimento social no medio prazo.
Já naquilo que respeita ao rendimento das pessoas, o salario medio embora registando um crescimento, ficou aquém da subida geral de preços no consumidor, o que veio aumentar os índices de pobreza. Assim dos 881 euros em 2010, passou para 913 euros, um crescimento de 32 euros em dez anos, uma media de 4 euros por ano, que só na factura da agua foram absorvidos. Um crescimento que enche de orgulho um presidente que prefere ver o seu Povo na pobreza desde que a cidade esteja cheia de estrangeiros. Se este é o desenvolvimento pretendido, aqueles que agora lhe batem palmas daqui a uns anos derramarão lagrimas de crocodilo.
Por fim chegamos às despesas da autarquia em matéria de ambiente e cultura e desporto. No ambiente, área em que o presidente tem vindo a fazer uma enorme campanha verifica-se que as despesas reduziram de 17% para 12% o que ajuda a explicar em certa medida a deficiente recolha de lixo, a falta de limpeza, a ausência de lavagem de ruas, infraestruturas degradadas, os esgotos directos. É verdade que há falta de civismo nalguns casos mas uma autarquia que reduz os gastos de forma significativa não está certamente a fazer o melhor pelo ambiente.
Já na cultura e desporto, os gastos aumentaram mais de 100%, passando de 3,2 para 7,7. Será uma forte aposta na cultura e desporto ou antes uma operação de marketing bem urdida no sentido de captar votos?
Se formos olhar às contratações da autarquia e das suas empresas municipais, encontramos N pessoas na área da comunicação, da publicidade e do marketing, o que diz bem de um presidente que vive mais de e para a imagem do que para resolver os problemas daqueles que o elegem.
Batam mais palmas e depois chorem!

1 comentário:

  1. "No século XXI temos a obrigação de continuar a lutar por Olhão tal como estes heróicos Olhanenses o fizeram em 1808." In (https://www-cmjornal-pt.cdn.ampproject.org/v/s/www.cmjornal.pt/opiniao/amp/olhao-fez-se-a-si-proprio?amp_js_v=a3&amp_gsa=1&usqp=mq331AQFKAGwASA%3D#aoh=15925197569593&referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&amp_tf=De%20%251%24s&ampshare=https%3A%2F%2Fwww.cmjornal.pt%2Fopiniao%2Famp%2Folhao-fez-se-a-si-proprio%23aoh%3D15925197569593%26referrer%3Dhttps%253A%252F%252Fwww.google.com%26amp_tf%3DDe%2520%25251%2524s)

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