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terça-feira, 18 de agosto de 2020

ALGARVE: SECA E POLUIÇÃO DE MÃOS DADAS!

1 - Nos últimos tempos têm vindo a lume noticias que nos dão conta da falta de aguas nas barragens algarvias e por isso foram ouvidos alguns intervenientes, entre os quais o presidente da câmara Municipal de Olhão e que pode ser visto em https://www.rtp.pt/noticias/pais/risco-de-seca-no-algarve-preocupa-os-agricultores-e-entidades-publicas-e-privadas_v1252079, mas que nada disse. teria feito melhor figura se ficasse calado.
2 - A falta de agua é um facto e a não ser que haja alguma precipitação nos próximos meses teremos problemas. O maior problema é o uso que é dado à agua e à sua rede de distribuição já que a própria ERSAR propõe que seja calculada perdas equivalentes a 27% da agua produzida.
O sector que mais agua consome é a agricultura, com variações entre os 65 e 80% do total de agua. Mas é também o sector que melhor efectua o ciclo da agua, através da evapotranspiração.
O consumo humano apresenta níveis mais baixos, sendo que na maior parte dos casos não a gastamos, antes a sujamos, já que conforme a digerimos também a jogamos fora e é esta agua que se joga fora que poderia e deveria ser aproveitada para ser reutilizada  para fins agrícolas.
3 - Em 2015 tivemos o beneficio de assistir a um Simposium sobre a reutilização das aguas residuais urbanas no Auditorio da CCDR, um evento que contou com a participação da APA, da ERSAR e de outras instituições onde o tema foi debatido.
A APA apresentou em pwoer point em que apresentava como principais dificuladades, o elevado custo do tratamento e a distancia em relação às zonas de produção agricola. Ora o custo do tratamento, mal feito diga-se de passagem, é reportado ao consumidor na factura da agua, razão pela qual nem deveria merecer qualquer nora especial da APA; a distancia em relação às zonas de produção agricola é outra mentira ou melhor, uma forma de enganar quem não conhece o sistema.
Muito depois daquele simposium, foi construída a nova ETAR Faro/Olhão, com os péssimos resultados que todos nós conhecemos, e a zona de produção de bivalves que sofre a influencia das aguas despejadas a ser completamente desclassificada.
4 - A agricultura gasta em média, um metro cubico por metro quadrado de terreno por ano, mas há consumos muito mais elevados. Por exemplo, os campos de golfes que para umas coisas é uma actividade turística mas para estes fins tem o estatuto de agricola gasta mais agua que qualquer outro tipo agricola excepto casos pontuais como a produção de abacates, competindo às entidades licenciadoras destes projectos no processo de licenciamento terem em conta o elevado consumo de agua.
5 - A agua não é apenas um bem escasso essencial como e sobretudo indispensável à vida, razão pela qual deveria ter outro tipo de uso, bem mais moderado.
E porque assim é, as ETAR deveriam localizar-se junto das zonas de produção agricola e não ser despejadas nos recursos hídricos, no mar, poluindo-o.
Por um lado, as entidades publicas dizem estar preocupadas com a falta de agua mas quanto ao uso racional dela, não são capazes de reutilizar as aguas residuais, sendo que para fins agrícolas não precisam de um tratamento muito avançado.
Ou seja, fala-se da seca quando são as próprias entidades publicas que a promovem, não reutilizando o que pode ser reutilizado e ainda por cima poluem.
É caso para dizer que a seca anda de mãos dadas com a poluição.
 

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