Quantas dezenas, centenas, talvez
milhares de vezes, o Hospital de Faro (já mudou de nome frequentemente)
esteve na berlinda? E sempre por más razões, como convêm à comunicação
social tabloide, sempre sequiosa de tiros, facadas, violações e outros.
Umas vezes com razão outras, nem
tanto, mas sempre com muita emoção à mistura como o cenário o
aconselha. Quando no fundo, por detrás desta aflição toda, está a
crónica falta de médicos-especialistas nos Hospitais algarvios e uma
crónica incapacidade e adinamia dos nossos governantes centrais para a
resolver.
E, milagres ninguém faz! Ou melhor, fazem alguns. Como é possível, com
1,2,3 médicos da mesma especialidade, colocar a funcionar um serviço
hospitalar como dermatologia, oftalmologia, neurocirurgia,
otorrinolaringologia, etc.?!...
É de louvar o trabalho árduo destes médicos. A comunicação social, a
opinião pública em geral, emotiva ou não, já deu o justo valor e relevo a
estes médicos? Não me parece!...
Em contrapartida, e ao lado destes serviços exangues de
médicos-especialistas, que, naturalmente, fogem para a medicina privada,
onde auferem mais em 3 ou 4 dias do que no mês inteiro no hospital do
estado, existem também serviços de excelência neste hospital. Alguns até
rivalizam com altas clínicas sofisticadas e bem pagas da Europa.
Também não me recordo de se falar nestes serviços hospitalares em alguma
comunicação social. Por exemplo, o serviço de cardiologia. Criado,
entre outros, pelo Dr. Veloso Gomes, «a escopo e martelo» e com muitos
murros na mesa.
Estagiei nele ainda no tempo do Dr. Gago Leiria. Agora chefiado pelo Dr.
Ilídio de Jesus. Há 20 anos visito-o quase todas as quintas-feiras.
Esta última semana visitei-o na madrugada de sexta, às 5 e meia da
manhã.
Na horizontal. «Deu-me para aqui» e com muita emoção à mistura. Agora,
mais racional, confirmei as virtualidades de excelência deste serviço,
fim de linha da via verde. Esperava-me o Dr. Vítor Brandão, como já
esperou por milhares de algarvios e outros. E, em poucos minutos,
transformou um problema com passaporte para o outro lado, numa estadia
agradável de 2 dias de afetos.
Milagres? Deuses? Não! Foram pessoas, gentes, médicos, enfermeiros,
técnicos e auxiliares. Permitam-me que fale superficialmente do colega
Vítor Brandão. É uma pessoa simples, que passa despercebido. Fumador. É,
para mim, há muito tempo, a pessoa mais valiosa do Algarve. «Daqueles
que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando». Este nadador
- salvador já foi buscar milhares de aflitos «aos mares tormentosos
nunca antes navegados»...
Quando penso nos vencimentos obscenos de certos administradores de
empresas públicas ou «privatidadas», geralmente «boyada» rosa ou laranja
que nos fazem pagar, por exemplo, a eletricidade a preço de ouro;
quando penso na nacionalização rosa da «chulice» laranja do BPN que
todos estamos a pagar; quando penso que nos querem privatizar a água,
esse bem tão essencial à vida; quando penso nos médicos que nos faltam
nos hospitais do estado porque não lhes pagamos justamente, digo: «que
raio de mundo injusto é este».
*Médico - Autarca
4 de Abril de 2014 | 22:10
Francisco Amaral*
Nota do Olhão Livre: Porque quer o poder, o Zarolho, e o Nunes Correia, destruir o Hospital de Faro quando a maior parte dos serviços médicos são de boa qualidade?
Será para que os doentes, sejam obrigados a recorrer aos Hospitais Privados dos amigos poderosos,que só lhes interessa o lucro e contratando por vezes sapateiros em vez de médicos com valor.?
Nós algarvios, temos de lutar pela manutenção de um Hospital de Faro a sério onde não seja preciso,entre tantos problemas, esperar 14 horas por uma consulta de urologia, porque o governo não admite mais médicos para essa especialidade argumentando que não tem dinheiro, mas depois esse mesmo governo, tem dinheiro a rodos para comprar carros topo de gama, á amiguinha alemã (BMW e Audis),para dar aos mandões do banco de Portugal e para o sorteio das facturas.
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Que esperar de um Estado-Mafia?
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