No edital de 27 de Junho, o IPMA decreta a interdição da apanha de berbigão e longueirão em duas das cinco zonas de produção de bivalves por não ter amostras para analise.
Em principio, o berbigão e o longueirão são apanhados em terrenos baldios e não em viveiros pelo que não se sabe quem teria a obrigação de fornecer as amostras que o IPMA diz não ter, sendo certo que os bivalves deveriam ser apanhados por técnicos da instituição e nas condições previstas na Lei. Seja por falta de verbas, de pessoal ou qualquer outra razão o que não faz sentido é proibir-se a apanha de bivalves por falta de analises.
E quando se interdita a apanha desta maneira, há que ter em conta a quantidade de pessoas que vivem dessa actividade, porque da mesma maneira que os bivalves podem estar contaminados por via microbiologica ou biotoxinas, também poderão não estar.
Admitamos que deve prevalecer a questão da saúde publica sobre os restantes aspectos, mas a apresentação dos resultados analíticos deixam serias duvidas quanto às verdadeiras razões que estão por detrás das recentes interdições.
Em primeiro lugar porque a contaminação microbiologica resolve-se com o calor, ou seja, os bivalves quando cozinhados, mesmo que contaminados, não constituem perigo. Já o mesmo não acontece com a contaminação por biotoxinas e aí sim, haver risco para a saúde publica.
De qualquer das formas, o IPMA, no que concerne à contaminação por biotoxinas, apenas apresenta os resultados analíticos das águas, não apresentando, nunca, os resultados analíticos da presença das biotoxinas presentes em cada uma das espécies, e este é um factor que põe em causa a credibilidade das analises.
Se numa determinada zona, a presença de biotoxinas se faz sentir em elevado nível, o risco de contaminação atinge todos os bivalves, sendo a probabilidade de maior contaminação para os bivalves com maior capacidade de filtragem. No entanto, o que se constata é que os bivalves com maior capacidade filtradora em regra, ficam fora das interdições, dando a perceber que existem outros interesses na atitude do IPMA.
Por outro lado, em Olhão há cinco zonas de produção de bivalves, mal se percebendo como em três está tudo bem e nas outras duas, está mal, apenas porque não têm amostras disponíveis, sendo certo que as quantidades de biotoxinas presentes na agua da Ria Formosa, não variam assim tanto de zona para zona.
De nada serve interditar a apanha de bivalves em duas das cinco zonas, porque quem o faz, pode sempre dizer que apanhou nas zonas abertas, ou seja o cambalacho na apanha, na amostragem e em tudo o mais que diga respeito à apanha de bivalves continua.
Chegados ao ultimo dia de Junho e com as audições prometidas pela Comissão Parlamentar de Ambiente por fazer, a vida na Ria Formosa está cada vez mais difícil.
Pode ser que um dia destes, os produtores de bivalves acordem da letargia em que mergulharam por via de alguns traidores à classe e se revoltem. Estar continuamente a adiar a resolução dos problemas que afectam a Ria é o abrir da porta a uma convulsão social nunca antes vista em Olhão.
REVOLTEM-SE, PORRA!