De há uns largos anos a esta parte e com mais regularidade na Primavera que vêm sendo decretadas pelo IPMA interdições da apanha dos bivalves em quase toda a costa portuguesa, nomeadamente no Sotavento algarvio.
Ora por falta de amostragem, ora porque os valores apontados estão acima dos permitidos por lei, mas o que ninguém faz, é apurar as causas, as origens da presença de toxinas na costa portuguesa. Na verdade, e já o dizemos há algum tempo, ainda que as toxinas existam no meio natural, elas são potencialmente agravadas pelas descargas das Estações de tratamento de Águas Residuais (ETAR), ricas em fitoplancton toxigeno e nutrientes que as fazem multiplicar. Mas as entidades publicas fingem não saber a origem, e fazem questão de continuar a poluir a costa portuguesa com todos os inconvenientes daí resultantes para a actividade económica e social, quando afinal as águas residuais podiam ser reutilizadas na agricultura com algumas vantagens e sendo uma solução de baixo custo.
Mas também já faz algum tempo que questionamos os resultados das analises apresentadas, em primeiro lugar porque apenas se apresentam os valores da presença de toxinas na agua e não na carne dos bivalves, o que obrigaria às interdições caso os valores excedessem os limites legais. Sem a apresentação desses resultados, espécie a espécie, as analises apresentadas carecem de credibilidade.
E é essa credibilidade que o Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, em representação dos mariscadores da sua zona, mandou fazer analises a um laboratório independente e certificado, obtendo resultados diversos daqueles que são apresentados pelo IPMA, que em sua defesa argumenta com a referenciação GPS dos lugares de apanha.
Sabemos nós que por falta de meios, os técnicos do IPMA estão, na pratica por falta de meios, impedidos de fazer o seu trabalho, isto é proceder à colheita no local, delegando em terceiros, voluntários, que se disponibilizam para fazer tal trabalho. Sem pôr em causa a idoneidade de quem procede à recolha da agua e dos bivalves, a verdade é que tal procedimento é da responsabilidade única e exclusiva do IPMA, não tendo qualquer cabimento a resposta dada pelo IPMA ao Presidente da CMVRSA.
Em contraponto, em Olhão temos um aprendiz de presidente, mais vocacionado para fazer favores e receber alguns em troca, do que em defender as suas gentes, os seus mariscadores, tomando uma atitude semelhante à do seu colega.
São ambos presidentes mas com uma visão completamente diferente da realidade dos seus Povos e da solução dos problemas.
Isto só acontece devido à divisão reinante entre a classe de mariscadores, viveiristas e pescadores de bivalves, divisão promovida pelo próprio presidente da Câmara Municipal de Olhão.
Já no País vizinho, as classes conjuntamente com as suas associações têm uma atitude diferente, como se pode ver em http://www.elcomercio.es/ asturias/mas-concejos/201407/ 17/mariscadores-aumentan- euros-reclamacion- 20140717002823-v.html que exigem indemnizações pelas perdas da actividade. Quando será que as associações do Sotavento Algarvio deixam de fazer o jogo do Poder, traindo a classe que dizem representar e enveredam pela luta em defesa de interesses que são legítimos.
REVOLTEM-SE, PORRA!
As associações são também responsáveis por esta situação. Como é evidente, se se deixam enganar pelo Pina e ajudantes, e pelo IPMA, se se vendem em troca de favores ou se fazem acordos pouco transparentes, depois não podem exigir ou pedir responsabilidades!!!
ResponderEliminarOs mariscadores e os seus representantes é que têm que ver que caminho querem seguir e se a sua associação os representa ou defende os seus interesses.
Não percebo nada de mariscos, mas é evidente que quando uma associação ou sindicato não defende os interesses da classe é porque não fazem lá nada.
Parece-me que os espanhóis só exigem e conseguem as indemnizações porque, para além de estar unidos têm uma prática transparente e o apoio da sua classe.
Temos aqui um problema de organização e de consciência política. Os mariscadores e viveiristas pensam que os seus representantes podem resolver tudo sozinhos? Não, eles precisam do apoio da classe, precisam que todos apareçam, estejam presentes e unidos nas suas reivindicações. Os dirigentes das associações pensam que são os que decidem e que as suas opções são as melhores? Não, eles têm é que ouvir os viveiristas e ser o seu porta-voz nas negociações e na exigência dos seus direitos.
E, se tiverem dúvidas em relação a questões técnicas relacionadas com a qualidade da água, com as interdições de apanha, ou outras, só têm é que consultar quem sabe! É para isso que existe gente formada.
Mas atenção, não podem pedir opinião àqueles que têm a opinião vendida ao poder.
O Pina não vê nada, só quer é Floripes! Entendam como quiserem !!
ResponderEliminarEm Espanha os viveiristas não são biscateiros, pagam impostos e contribuições como qualquer empresa, e estão organizados e identificados em associações com cabeça tronco e membros, e esta situação permite-lhes tentar receber indeminizações por paragem de actividade devido a um possível problema ambiental derivado a um mau funcionamento de uma ETAR. Em Portugal as associações de viveiristas, viveiristas, etc, são uma ficção, o que lhes retira toda a capacidade de negociação com o estado em relação ás condições, por exemplo, de exploração das ETARES junto a zonas sensíveis. As Águas de Portugal são estatais e sabem bem a porcaria que estão a fazer, e como é obvio não estão dispostas a pagar multas a elas próprias do erário publico nem a quem as explora porque sabem bem a merda que subcontrataram. A estatização portuguesa no seu melhor. Organizem-se e privatizem porque e só assim é que podem pedir responsabilidades. O resto é conversa de chacha e de telenovela e ódios de estimação patetas aos privados.
ResponderEliminarAo comentador das 08:05
ResponderEliminarNinguem está contra os privados embora determinados sectores da actividade economica devam estar nas mãos do estado, nomeadamente a agua e o saneamento basico. Não fosse a justiça aquilo que é e o Estado (representado)estaria sentado no banco dos reus. Bastaria que certa gente deixasse de fazer o jogo do Poder.
O que falta são tecnicos que pensam como nós mas depois têm medo das represalias. Tenho um estudo "encomendado" à UALG que na conclusão, diz que "A Ria Formosa não está bem mas se comparada com outras rias não está mal"! O que equivale a dizer que se dois doentes estiverem internados num hospital, o que tem um tumor benigno está bom porque o da outra cama tem um maligno!
Essas comparações apenas servem para desculpabilizar o que de mal está porque se os investigadores dissesse a verdade, coratavm-lhes as verbas.
Houve até um reitor que teve o desplante de dizer uma ocasião "Vejam lá o que dizem porque..."