A “japonesa” está no Tejo há duas décadas
A pesca de bivalves no estuário do
Tejo tem sido uma actividade relevante ao longo de toda a história de
ocupação humana, sendo as ostras, berbigão, amêijoa-boa, lambujinha e
amêijoa-macha, as espécies mais capturadas.
Segundo os
investigadores do estudo a que o PÚBLICO teve acesso, “a exploração
destas espécies tem sido particularmente afectada pelos níveis de
contaminação microbiológica e por metais pesados verificados neste
estuário, que impõem restrições à sua comercialização [Despacho n.º
14515/2010 de 17 de Setembro] e pela depleção dos stocks de algumas espécies”.
“A
amêijoa-boa e a amêijoa-macha são exemplos do decréscimo acentuado das
populações de bivalves deste estuário. No primeiro caso foi observado um
decréscimo significativo nos últimos 10 anos, que coincidiu com a
colonização extensiva do habitat ocupado pela amêijoa-japonesa, uma espécie não nativa”, acrescentam os investigadores.
Essa
depleção levou à interdição da captura da amêijoa-boa (Portaria n.º
85/201de 25 de Fevereiro), sendo simultaneamente autorizada a captura da
amêijoa-japonesa. “A partir de 2010 verificou-se um decréscimo tão
significativo das populações de amêijoa-macha, que levou à paragem da
quase totalidade das embarcações dedicadas a esta pescaria”, acrescenta o
documento.
Não se sabe exactamente como a amêijoa-japonesa foi
introduzida em Portugal, “mas a sua ocorrência nos sistemas portugueses é
conhecida há mais de duas décadas”. “É provável que a espécie, endémica
do Japão, tenha sido importada até águas europeias no contexto de
ensaios de aquicultura, inicialmente em França em 1972, e
subsequentemente em Itália, Espanha e Irlanda”, acrescenta o estudo.
Os
investigadores dizem ainda que em Portugal, “apesar das abundâncias
desta espécie serem ainda geralmente baixas nos sistemas colonizados, no
estuário do Tejo, onde ocorre há cerca de 12 anos, verificou-se uma
explosão demográfica nos últimos anos, não existindo ainda produção
aquícola da espécie e um circuito comercial com muitas práticas
ilegais.”
A bióloga Paula Chaínho admitiu ao PÚBLICO que para quem
não é especialista é fácil confundir a amêijoa-japonesa com outros
tipos de amêijoa consumida pelos portugueses. As principais diferenças estão na concha, sendo a da japonesa mais rugosa, e na composição dos sifões com que se alimentam.
Noticia do Publico online Nota do Olhão Livre:
Também na Ria Formosa já se registaram algumas episódios de povoamento com a ameijoa-japonesa mas sem resultados práticos, porque apenas se destinavam a mantê-las até ao Festival de Marisco.
Se atentarmos nas propostas da União Europeia, verificamos que a aposta na aquacultura, passa também pela produção da ameijoa-japonesa, porque mais barata. No entanto os nossos agentes económicos preferem apostar na ameijoa-boa, mas vinda da Italia ou da Tunisia, também ela muito mais barata que a ameijoa portuguesa.
O Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa não permite a introdução de espécies invasoras, o que não impede, no entanto a exploração da ostra francesa contaminada com o virus do herpes, quando já há a reprodução da ostra portuguesa em Faro, capaz de apresentar tão ou melhores resultados que a ostra japonesa.
O que se passa com a produção-comercialização da ameijoa e da ostra é revelador da subserviência das instituições estatais à União Europeia e a outros interesses como a poluição com o Estado a ser o principal agente poluidor.
Os agentes das instituições publicas não saem do conforto dos ares condicionados para ir ao terreno falar com os produtores e ajudá-los no desenvolvimento da sua actividade, nomeadamente no contacto com outros mercados que não os habituais.
É assim que a ostra regressa, na sua maioria, à sua origem, apenas fazendo aqui a engorda, para depois as venderem a países terceiros. Ora, nós temos uma entidade que deveria promover o comercio externo, desenvolvendo ou promovendo parcerias com agentes económicos dos países de destino final sem ter de passar pelo crivo francês, o que permitia ao nossos produtores o acréscimo de mais valias.
Mas se isto é valido para a ostra, também o é para ameijoa-boa quase toda ela destinada a Espanha de onde é, depois de alterada a designação de origem, reencaminhada a outros mercados.
Não há nenhuma entidade publica ligada ao sector da produção de bivalves que não saiba do que se passa mas todos fingem ignorar, apesar de termos produtos com características únicas que poderiam representar uma mais valia para as populações nativas.
E se alguém tiver duvidas quanto ao futuro da produção de bivalves, particularmente na Ria Formosa, basta esperar pouco mais de um mês para se saber qual o resultado da venda a retalho a grandes grupos estrangeiros dos terrenos do Domínio Publico Marítimo, porque nessa altura entrará em acção o LEILÃO dos MARES!
REVOLTEM-SE, PORRA!
ao ler o livro forward acerca da aquacultura da ria formosa , se pode concluir um pouco do que se prepara para a ria a um mes do fim das licenças está tudo caladinho e as associações e os grandes viveiristas miguem fala, será porque estao protegidos e quem se lixa sao os pequenos? leiam esta parte:
ResponderEliminarRecomendações: Reestruturar o sistema de
licenciamento a fim de reduzir o número de
títulos de utilização e aumentar a área dos
lotes. Isto deve ser feito gradualmente, à
medida que expiram os prazos das actuais
licenças, e ser amplamente discutido com
as associações do sector. Lotes com maiores
áreas serão menos vulneráveis à erosão marginal
em relação à totalidade da área do lote
e as perdas de substrato numa parte do lote
podem ser compensadas pela deposição de
sedimentos noutras partes do mesmo lote.
Isto irá eliminar a obrigação de utilização de
objectos, tais como tijolos, para tentar consolidar
o substrato. Dado que estes objectos
são também utilizados para delimitar pequenas
parcelas, isto irá tornar-se desnecessário.
Em lotes maiores, deverá ser desencorajado
o aterro de poças, dado que são elementos
naturais do ecossistema. Lotes maiores irão
reduzir os custos de capital e irão potencialmente
permitir um aumento do grau de
mecanização, reduzindo os custos com a
mão-de-obra. Uma redução do número de
interlocutores pode também melhorar a eficácia
na tomada colectiva de decisões.
os tubarões fartam-se de comprar viveiros alguma coisa sabem.
ResponderEliminare o mundo todo calado.
Quem cala consente, ou não é? Estejam descansados porque depois temos o barulho de uma só vez como português sempre igual a si próprio.
ResponderEliminar