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domingo, 25 de novembro de 2018

OLHÃO: REQUALIFICAÇÃO OU DECADÊNCIA?

Começaram as obras da chamada requalificação da Avenida 5 de Outubro, a que se seguirão as dos Jardins, tudo em nome da modernização da cidade, ou da frente ribeirinha, para turista ver.
Nada temos contra o turismo, pelo contrário, ele pode e deve ser uma mais valia para as regiões, mas nunca poderá ou deverá ser considerado como a solução dos nossos males. Se é certo que o turismo ajuda a suavizar a má prestação da balança de pagamentos, cronicamente deficitária pela destruição do sector produtivo, também não é menos certo que o excesso de turismo trás para as populações um agravamento do custo de vida, sem as necessárias contrapartidas. Ou seja, por outras palavras, as receitas do turismo têm mais sentido para a administração central do que para a local, a qual fica com um valor residual, pouco mais do que os salários de miséria que são pagos.
Olhão sempre viveu da sua relação com o mar, tirando dele o sustento de milhares de famílias, seja através da pesca, da moluscicultura, da salinicultura, entre outras. Aquilo a que temos vindo a assistir é a continuação da destruição ou alteração do sector produtivo, ligado ao mar, em nome do tal turismo, como se houvesse alguma incompatibilidade com as actividades marítimas.
E de tal forma, que não será apenas a frente ribeirinha de Olhão, como a da Fuzeta que faz parte do nosso concelho, a serem completamente descaracterizados e destruídos em nome de um suposto desenvolvimento onde as pessoas não têm lugar.
Já o dissemos e não nos cansaremos de repetir,as intervenções nas frentes ribeirinhas do concelho, visam deixar para a posteridade a marca de um presidente de autarquia com um ego do tamanho de uma montanha, mas indiferente às pessoas e às tradições da população que o elegeu.
No caso de Olhão, as intervenções na Avenida 5 de Outubro, apresentadas a conta gotas não deixam perceber a realidade e o alcance do contexto pretendido.
Para o lugar da horta da câmara, prevê-se a construção de um novo hotel; no topo poente do Porto de Recreio prevê-se a construção de uma área comercial com 2500 m2; para o lado poente interior do Porto de Pesca, pretende-se um espaço para o alargamento do Porto de Recreio.
A acrescentar a isto, temos o Plano de Pormenor da Zona histórica, onde vão ser suprimidos N lugares de estacionamento.
Então termos o estacionamento publico reduzido no lado poente do Porto de Pesca, estacionamento suprimido no lado Norte da 5 de Outubro; estacionamento privado na área concessionada ao Porto de Recreio. 
Uma cidade sem estacionamento! E com se não faltasse o estacionamento, também as ultimas imagens da requalificação da 5 de Outubro, mostram que a circulação automóvel se fará apenas num sentido. Alternativas de estacionamento ou de circulação, nenhumas!
E como ficam as actividades económicas da zona?
Não terá esta requalificação um impacto negativo em toda a actividade económica da baixa de Olhão? 
Acompanhando esta requalificação, vê-se o surgimento de empreendimentos turístico-imobiliários, alguns deles de muito duvidosa legalidade, empreendimentos de segunda habitação, que vão promover a desertificação da zona na época baixa e um excesso de pessoas na época alta, estimulando a subida generalizada dos preços que se tornarão inacessíveis à maioria da população de Olhão. Não estaremos a assistir à decadência da baixa de Olhão?
Aquilo que nos apetece dizer, é que o Poder Local se deixou capturar pelos elevados interesses económicos dos patos bravos, agindo a seu favor, o que pode permitir o enriquecimento ilegítimo senão ilegal do presidente da autarquia.
Tudo sem corrupção! O que seria se a houvesse?

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