Hoje é o dia Internacional da Mulher Trabalhadora e nada como prestar uma justa homenagem a todas as operárias conserveiras de Olhão, e não só ,que durante décadas do Estado Novo, foram exploradas por industriais sem escrúpulos!
Hoje que tanto se fala em violência doméstica, não podemos deixar de dizer que é a mulher trabalhadora a maior vitima dessa violência, que as autoridades e alguns juízes compactuam com esse hediondo crime.
Em
Olhão nos últimos anos temos visto o actual presidente da C.M.Olhão,
esbanjar dinheiro publico em estátuas sobre lendas que foram criadas
pelos contrabandistas da altura, para afastar as pessoas de certos
lugares, para o contrabando se fazer mais à vontade, mas nem um só
cêntimo foi gasto em Olhão, de modo a perpetuar na memória das gerações
vindouras a vida de trabalho e exploração das laboriosas operárias
conserveiras de Olhão.
Para quem é novo e não sabe da história das laboriosas e valentes operárias conserveiras de Olhão, que antes do 25 de Abril foram das mãos delas que saiu a
riqueza de certos industriais, muitos deles sem escrúpulos, que no
tempo da fartura da sardinha enchiam as fábricas de sardinha cavala
biqueirão, e as obrigavam a trabalhar 12 horas diárias.
Os filhos
bébés dessas corajosas operárias conserveiras, eram deixados em creches,
que de creches só tinham o nome, pois não passavam de depósitos de
bébés que eram deitados e dormiam, em caixas de conserva para encaixotar
as latas de conserva, salvo raras excepções em que os industriais mais
humanos, criavam um mínimo de condições, fazendo creches condignas para
albergar os filhos das operárias conserveiras.
Refeitórios não
havia, uma hora de almoço e era um regalo, quando havia muitas
operárias a trabalhar afastadas das suas casas, quase 3 km da fábrica,
local que onde as rendas eram mais em conta,outras vinham de Quarteira e eram amontoadas,para não dizer armazenadas, em casas sem o mínimo de condições.
A maior parte das
fábricas tinha um numero de operárias efectivas que lhes garantia três dias de trabalho, ganhando
ordenados de miséria e muito menos que os operários conserveiros, que
eram em muito menor que as operárias de conserveiras.
Quando
havia fartura de peixe na costa fosse ele sardinha cavala biqueirão ou
xarro branco os patrões aproveitam a baixa de preços e toca de colocar
operárias emprestadas, ou seja metiam ao serviço qualquer operária só até
escoar a fartura do peixe comprado nos dias que o peixe ia barato.
O
sinal que os patrões precisavam de mão de obra barata e extra,
era dado ao içar duas Bandeiras,(pois uma Bandeira era içada, sempre que
a fábrica comprava peixe), e apitar os apitos que os fogueiros
apitavam com a pressão do vapor das caldeiras.
Os apitos das fábricas eram diferentes e cada uma tinha o seu apito característico, era o
sinal esperado, das operárias que não eram efectivas,então um exército
de mão de obra barata, corria para a fábrica, na
esperança de serem escolhidas para trabalhar; eram elas a principal
força de trabalho desta indústria, desenvolvendo frequentemente a sua
actividade em condições deploráveis.
Muitas dessas
operárias pagam ainda hoje o roubo feito pela falta de pagamentos de
certos industriais que até ficaram os descontos, que descontavam às
operárias para a Caixa de Previdência,estando hoje a maior parte dessas
operárias a receber reformas que são uma autêntica miséria.
Sentem
hoje na pele os roubos feitos pela benevolência do antigo regime, com
esses industrias que roubaram os descontos das operárias.
Para quando a verdadeira homenagem a essas operárias conserveiras de Olhão?
Nós no Olhão Livre, não deixaremos que Olhão viva de lendas... Tentando
apagar um passado recente, sem que se diga uma palavra sobre esse força
de trabalho, onde essas valentes mulheres foram o expoente máximo,
dessa exploração desenfreada.
Viva o Dia Internacional de Mulher trabalhadora!
Que as operárias conserveiras de Olhão não sejam esquecidas!
Mesmo assim qual é a mulher que não trabalha?
ResponderEliminarDiscordo, a CMO fez uma homenagem ao proletariado de antigamente ao pintar com grafites as traseiras da antiga Conserveira do Sul e parte do edifício que está paredes meias com o Pingo-Doce!
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