Aos olhos de muitos, o titulo pode parecer exagerado mas infelizmente trata-se de uma realidade que o tempo tem vindo a demonstrar, basta ver a pequena reportagem da RTP 1, em https://www.rtp.pt/noticias/pais/avanco-do-mar-ameaca-dunas-e-patrimonio-em-cacela-velha_v1198192.
Rebobinemos a cassete e voltemos ao principio para se perceber melhor o problema. A Ria Formosa tinha duas penínsulas, a do Ancão e a de Cacela. As barras naturais "gostam de passear" tendencialmente de poente para nascente e fazem-no ciclicamente, sendo que quando chegam ao final do ciclo voltam ao ponto de origem. Era assim, mas por intervenção do homem, deixou de o ser!
Os geólogos, em principio defendem que se deve deixar a natureza trabalhar e têm razão, mas deviam também dizer que a construção de molhes, esporões acabou por alterar a dinâmica das areias, obras essas que deveriam ter sido acompanhadas de medias compensatórias, o que não aconteceu.
Em 2010, a pedido um produtor de ostras, de Olhão, com ligações ao poder local, porque a sua produção estava a declinar por falta de renovação de aguas, pediu que fosse aberta artificialmente uma nova barra.
Fizeram-lhe a vontade, e com as maquinas da Câmara Municipal de Vila Real de Sº António, a Sociedade Polis, destruiu a Península de Cacela, precisamente no chamado "fundo do saco", um crime de todo o tamanho!
Logo se previu que, se houvesse conjugação do preia-mar de aguas equinociais com um vendaval, haviam fortes probalidades de se dar um galgamento oceânico. E assim aconteceu, espraiando todo o cordão dunar pelo interior da Ria, destruindo o que restava dos viveiros ali existentes. Para satisfazer um, destruíram mais de vinte! Isto é que foi obra!
Perante Cristóvão Norte, então deputado relator de uma petição enviada ao Parlamento, foi explicado como as coisas aconteceram e pedindo uma intervenção de urgência. Decorria então o ano de 2010. Passados dez anos, nada foi feito!
Em 2018, a Associação de Defesa do Património de Cacela, ADRIP, através de varias organizações políticas e da CMVRSA, voltou a pedir, mais uma vez, uma intervenção. Nicles! E isto mesmo depois de trem colocado um coletor de aguas pluviais a desaguar na base da barreira de arenito que suporta, o Forte, a Igreja e também o Cemitério, e que ameaçava a sustentabilidade da barreira.
Entretanto as aguas vão avançando cada vez mais em direcção à margem terrestre e já chegam perto da base da arriba. Quando lá chegar, virá tudo abaixo e nem os mortos estão descansados!
É fácil perceber porque as entidades publicas se recusam sistematicamente a fazer uma intervenção. É que se as areias se aproximarem de terra poderemos ter mais uma praia para fins turísticos, mesmo que isso implique o desaparecimento do património histórico, as jazidas fossilíferas com dezenas de milhões de anos, e parte do património edificado.
Em nome do turismo tudo se sacrifica.
E os algarvios o que têm a dizer? O património de Cacela, não é apenas de Cacela, nem da ADRIP, é de todos nós e todos temos de contribuir para obrigar o governo e a canalha que manda nisto a sentar-se à mesa e apresentarem um projecto de solução que salve todo o património. Isso é tarefa de todos os algarvios e não só de alguns. Apoiemos a ADRIP!
Denúncia às organizações europeias como única possibilidade de se salvar o que resta.
ResponderEliminarNão foi a Polis, foi a ARH.
ResponderEliminarQuem nesse tempo presidia na Polis e ARH ?
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