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segunda-feira, 13 de abril de 2020

OLHÃO: PANDEMIA E CARIDADE!

1 - Não há duvida que os nossos políticos têm mais vocação para a promoção da caridade do que procurar soluções no quadro institucional, como se pode ver pela imagem acima. Que o altruísmo destes senhores não se esgotasse no momentâneo e perdurasse.
Já o dissemos varias vezes, em anos que não fazia tanto sentido, a Câmara Municipal de Olhão gastava 140.000,00 euros anuais para a compra de sacos de comida que distribuía pelos mais carenciados, sem nunca ter deixado de organizar os seus habituais eventos, como a Feira do Livro, a Semana da Criança e do Ambiente ou o famosos Festival de Marisco, que no seu conjunto orçavam em cerca de 500.000,00 euros. Ou seja, a Câmara Municipal de Olhão bem que podia, na actual situação, gastar o dobro ou mais, para assegurar que os mais carenciados não passavam fome.
Era isso que os ex e actuais políticos no activo deveriam pressionar a autarquia a fazer, distribuindo os sacos através das IPSS.
2 - Como é do conhecimento geral, os viveiristas e mariscadores estão impedidos de fazer a sua habitual maré que lhes garantia o alimento e sustento. Embora alguns tenham um pé de meia para fazer face a um imprevisto, muitos são aqueles que nada têm.
Nem o facto de estarem impedidos de trabalhar por razões de saúde publica lhes assegura o direito ao fundo de compensação da pesca, quando isso devia ser um direito. Infelizmente, temos um secretario de estado das pescas, e agora também coordenador de combate ao Covid 19, natural de Olhão, que vê o pessoal da pesca com algum desdém.
Há por aí algumas pessoas que dirão que muitos deles não apresentam números, descontos ou facturação, mas que ao mesmo tempo ignoram, ou fingem ignorar, o sistema de exploração a que este pessoal está sujeito. Quando chegam às depuradoras e lhes dizem que não querem o marisco apanhado, mas que se deixarem por metade do preço, o comprador faz o "favor" de comprar. Compram ao preço da agua e vendem ao preço do ouro!
Mas mesmo que assim fosse, o que há mais neste País é economia paralela e também ela ajuda, porque embora não pagando alguns impostos acabam por consumir, fazendo circular o dinheiro.
Que se saiba nenhum deles tem dinheiro em off-shores, enquanto alguns senhores ligados ao Poder politico tem milhões escondidos para fugir ao fisco. Desses ninguém fala!
3 - Sim, há pessoas que neste momento precisam de ajuda, mas de uma ajuda institucional e não de esmolas, de uma caridade que as envergonha e humilha. Deixem-se de merdas e utilizem as suas capacidades de influenciar, para que o Poder politico tome as medidas que deve tomar nesta situação.
Quando a Briza, a quem foi perdoado 125 milhões de impostos, requer do Estado uma indemnização por quebra das receitas de portagens; quando o Estado injecta dezenas de milhares de milhões na banca que todos estamos a pagar; quando os hoteleiros e outros sectores da actividade económica  levaram anos a arrecadar lucros e a distribuir dividendos requerem os apoios do Estado, quem se lembra daqueles que trabalham?
Não há um apoio a quem não trabalha por impedimento decretado. Onde está a protecção social destas pessoas? Do direito à caridade, uma distancia tão curta!

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