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segunda-feira, 1 de maio de 2023

OLHÃO: SOBRE A VENDA DA BELA OLHÃO

Ainda está longe mas parece que já se prepara a campanha eleitoral autárquica, isto a fazer fé na comunicação do ainda presidente da Câmara de Olhão e eventual candidato à Câmara de Faro, António Pina. Veja-se a noticia que foi avançada para a imprensa regional como é divulgado em  https://barlavento.sapo.pt/destaque/belaolhao-vendida-por-95-milhoes-a-investidores-do-reino-unido .
Como se tornou hábito, apresenta-se apenas a versão oficial, sem que se faça a mais pequena analise ao que é dito, o que não contribui em nada para levar o conhecimento às pessoas.
Tal como o presidente da câmara diz, a Bela Olhão foi vendida, e não estão em causa os milhões conseguidos mas sim aquilo que não é competência de uma autarquia, comprar para vender, com o objectivo de conseguir mais valias, como se de um promotor imobiliário se tratasse. E mais, usando do poder politico para alterar o uso do solo, para beneficiar a instituição que dirige. Imaginem então que o Estado procedia assim de forma regular, participando numa actividade económica quando a sua função é a de regular e não a de participar!
É bom que se esclareça as pessoas, dizendo-lhes que as autarquias têm o direito de preferência quando se trata de salvaguardar o interesse publico, mas nunca para exercer uma actividade económica.
Pelo meio do arrazoado ficam por explicar algumas situações. É que pela conversa, o dinheiro assim obtido vai servir para a construção de casas e escolas. Mais de cinco anos depois de anunciar a compra, para a qual foi pedido um empréstimo e que teve ou tem de ser pago, por mais avantajada que seja a verba conseguida, não se consegue perceber quantas casas virão a ser construídas.
Mas o nosso presidente mistura naquilo a compra das antigas instalações da Litografia, o que levanta outras duvidas. A Litografia já foi comprada ou ainda está em negociação? Se ainda não foi, será que o dinheiro agora conseguido vai ser aplicado na sua compra?
Esta duvida tem alguma razão de ser, na medida em que se a câmara já é a proprietária daquelas instalações, não se percebe porque razão ainda não as demoliu, procedendo ao alargamento da Rua do Caminho de Ferro, em cumprimento do alinhamento estabelecido, o que teria permitido que a paragem dos autocarros se mudasse para ali, provisoriamente, enquanto decorriam as obras na ponte da passagem de nivel superior.
Por outro lado, a noticia vem mostrar o que vai ser o futuro da envolvência do ainda porto de pesca. Se na Bela Olhão vão construir um hotel; se o lado poente do porto é dotado de espreguiçadeiras; se a requalificação da Avenida 16 de Junho, não só na parte de infraestruturas mas em todo o edificado, então se pode dizer que o sector da pesca está condenado a desaparecer!
Claro que no meio disto há sempre quem defenda este tipo de desenvolvimento, esquecendo que ele põe em causa o futuro das pessoas, nomeadamente daqueles que vivem do mar.
Cada vez mais, a cidade a ser descaracterizada, com o caminho de ferro a servir de fronteira separativa de pobres e ricos!

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