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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

OLHÃO: OBRAS E MAIS OBRAS PARA QUÊ?

 Por deliberação camarária de 25 de Novembro de 2020 foi decidido avançar para a celebração do contrato com o consorcio ganhador do concurso publico para a Requalificação da Avenida 16 de Junho e sector nascente da Avenida 5 de Outubro. 
Para alem de outras questões de que mais à frente falaremos, começamos pelo facto de em pleno desenvolvimento da pandemia. a mesma entidade que manda encerrar estabelecimentos de bens e serviços não essenciais e fechar as pessoas em casa, promova obras e mais obras. É o poder politico a decidir quem pode ou não trabalhar, com critérios que deixam muito a desejar. Dirão alguns que todo o trabalho é bem vindo, mas então porque mandam fechar as pessoas em casa? Pois é, tem a haver com a dimensão e peso institucional de certos sectores. Os malandros que morram à fome que já estão cá a mais!
A chamada Requalificação da Avenida 16 de Junho não é mais do que criar as condições para o desenvolvimento turistico de mais esta parte da frente de mar da cidade, razão que levou às ameaças ou pressões que fizeram junto das pessoas estabelecidas ou residentes na zona, como se não houvesse mais vida para alem do turismo.
Custa a obra, de acordo com o contrato que pode ser visto em http://www.base.gov.pt/base2/rest/documentos/931775, 1.955.423,24 euros e prevê-se que a sua duração tenha 480 dias.
Obviamente que a obra não vai estar pronta a tempo de ser inaugurada em periodo da próxima campanha eleitoral, bastando anunciar que vai começar para granjear os votos de mentes menos esclarecidas.
Na verdade, e ainda que o presidente da câmara esteja no legitimo direito de ter as suas opções, das quais discordamos, mostra que a Ria Formosa, que apelidou de auto europa do Algarve, não é uma prioridade sua.
O algodão não engana! Mas as pessoas são manipuladas e deixam-se ser enganadas. É assim que apesar de quase todos os que dizem defender a Ria e as suas potencialidades naturais acabem por dar, a este tipo de politicos, um mandato para eles fazerem exactamente o oposto.
A Ria Formosa tem cerca de quatro milhões e meio de metros quadrados para a produção de bivalves; se a qualidade ecológica da sua agua cumprisse com as normas para a produção conquícola, seria possível obter dois quilos por metro quadrado, o que representaria cerca de 9.000 toneladas de ameijoa, que a dez euros o quilo dava 90 milhões de euros de mais valias locais, dinheiro esse que ficava todo na cidade. No entanto, para que não digam que exageramos, bastaria metade, algo que qualquer outro sector da actividade económica não consegue apresentar.
Ora a qualidade ecológica da agua da Ria só será possível quando a deixarem de poluir, descarregando esgotos directamente e sem qualquer tratamento. Para corrigir o problema criado pela autarquia, que durante anos procedeu ou autorizou ligações de esgotos à rede de aguas pluviais, e também porque a rede de saneamento está obsoleta, torna-se necessária uma intervenção de fundo e não os remendos que vêm fazendo.
Dirão alguns que para tal é preciso muito dinheiro e tempo, quando a poluição da Ria vem sendo denunciada há cerca de vinte anos. Por falta de tempo não é certamente! E de dinheiro será?
Bom, se juntarmos, o milhão gasto na Requalificação da 5 de Outubro, mais um milhão e setecentos mil na desnecessária Requalificação dos jardins e agora um milhão e novecentos mil euros, temos quase cinco milhões de euros. Também não nos parece que seja por falta de dinheiro!
O que está em causa são as opções politicas de um presidente cego pela fobia do turismo.
Se todos os que dizem defender a Ria e as suas gentes, certamente que não dariam o voto a quem tanto os prejudica! 

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