A Ria Formosa vale pelo seu conjunto, pelo todo e não pela parte, por mais que alguns sabujos da política o queiram fazer crer, promovendo uma parte e desvalorizando a outra.
As populações ribeirinhas sempre mantiveram uma relação de proximidade e de trabalho com a Ria, buscando nela o seu sustento, seja pela pesca, pela moluscicultura ou outras actividades afins. Mas a partir do momento em que foi promovida a Parque Natural, todas aquelas actividades foram e são apontadas como sendo a causa da sua degradação, omitindo-se deliberadamente outras questões muito mais prejudiciais.
As casas nas ilhas barreira foram a consequência da ocupação humana das ilhas pelos seus primeiros habitantes, os pescadores, que têm vindo a ser corridos, e isso numa altura em que ninguém queria viver nas ilhas. Com o advento do turismo, os pescadores, de tez queimada, passaram a ser personna non grata, para que o turista pudesse desfrutar do exclusivo da vivência na Ria Formosa.
Com a classificação de Parque Natural logo aconselhado a redução dos viveiros, a redução ou proibição da pesca, e isso consta de documentos do ICN. O que não se proibiu foi a descarga de aguas residuais tratadas de forma deficiente pelas ETAR, que não passam de pontos de concentração de efluentes altamente poluidores e contrários à vida na Ria.
Desde que foram construidas as ETAR que os produtores de bivalves se queixam das condições de trabalho que lhes são impostas, pela elevada mortalidade dos bivalves.
Como em tudo, o Poder político trata de dividir as pessoas que vivem e trabalham na Ria Formosa; no caso das casas dividiram-nas, por decreto, em legais e ilegais, passando por cima de todas as leis, mesmo as criadas de propósito para tal fim.
Com a pesca, decretaram artes legais e ilegais, sendo proibida quase toda a actividade da pesca, sempre em nome de um bom ambiente.
Nos bivalves, dividiram em zonas, onde algumas poderiam ser apanhadas e vendidas directamente ao consumidor, outras que obrigavam à depuração, outras ainda que teriam de ser transferidas para zonas de transposição, que apesar de estarem previstas em decreto de 1998 nunca foram criadas e outras ainda onde é proibido apanhar.
Tudo, porque a excelência das aguas, assim foram classificadas pelas entidades publicas, estarem contaminadas do ponto de vista microbiológico, de fitoplâncton nocivo ou por metais pesados; o que nunca foi posto em causa pela bandidagem política foi as fontes de contaminação que são as ETAR e os esgotos directos sem qualquer tratamento, como se pode ver neste foto tirada esta 2ª feira.no T em Olhão situado a 50 metros da Sede do IPMA a 70 metros da Capinatia do Porto de OLhão e a 100 metros do posto da GNR onde está instalado o SEPNA.
Às entidades publicadas juntaram-se alguns vendidos, previamente seleccionados, a quem deram umas benesses, para provocar a divisão entre as pessoas, como forma de evitar focos de contestação mais musculada. Assim, enquanto alguns querem avançar, logo outros no papel de bombeiros vêm deitar agua na fervura.
O meu viveiro está em classe B, logo os que estiverem em classe C que se desenrasquem; e os que forem proibidos que mudem de vida. Na pesca, é a mesma coisa, atribuindo-se ao arrasto de varas a causa de falta de peixe mas ninguém quer falar da espécie invasora que está a substituir a seba, onde é feita a desova de espécies de grande valor comercial e agasalho de juvenis, proteção contra predadores.
O Poder político conta ainda com a ajuda preciosa de "cientistas" que descobrem tudo menos a arte de compatibilizar as diversas actividades económicas tradicionais. São os defensores do proibicionismo!
Quem é capaz de ajudar todos aqueles que vivem e trabalham na Ria, unindo-os como um só, para dar a resposta adequada a estes poderes? No passado, sempre se usaram toda a espécie de artes, umas mais predadoras que outras, mas havia fartura de tudo e agora com tanta sabedoria dos doutores, é só miséria!
E porque um mal nunca vem só, o Poder político faz uso das forças da repressão para fazer cumprir leis que são contrárias a quem sempre viveu da Ria. Hoje, os barcos não podem navegar pelos areais mas os iates a motor, que pela mesma lei, estão proibidos de circular nos canais secundários desde que tenham mais de nove metros já podem; os barcos dos pescadores não podem, mas os da actividades marítimo-turísticas podem.
Tudo para o turismo, nada para a pesca!
Cabe aos produtores e pescadores organizarem-se, expurgar do seu seio os ditos "bombeiros" e preparar a luta, sob pena de acabarem as suas actividades.
Lutem, porque sem luta não há vitória!