quinta-feira, 14 de abril de 2016

RIA FORMOSA: MOLUSCICULTURA, ACTIVIDADE A ABATER!

A Direção Geral das Pescas, tem vindo a mandar cartas aos produtores de ameijoa recomendando que façam um seguro de produção, o que noutras situações até seria recomendável.
Em primeiro lugar, a imagem que fica é a de que a DGP está a promover mais um produto como se estivesse a vender banha da cobra, podendo a sua atitude mais "convincente" que qualquer operação de marketing.
Os produtores de ameijoa, de há uns anos a esta parte, têm vindo a sofrer tantos prejuízos que muitos deles não terão capacidade para pagar mais qualquer seguro. O cidadão comum quando olha para o viveirista, vê o homem curvado sobre a terra a cavar a ameijoa sem que, na maioria das vezes, tenha a percepção de que aquela ameijoa foi semeada, num terreno preparado a condizer, e que é necessário um meio de transporte, num somatório de despesas por vezes incomportável.
A criação deste novo seguro, é apenas a forma do Estado poluidor fugir á sua responsabilidade enquanto agente directa e indirectamente causador dos elevados prejuízos dos viveiristas ais quais deveria assegurar uma indemnização.
A mortandade da ameijoa encontra a sua raiz na poluição provocadas pelas descargas das ETAR e dos esgotos directos sem qualquer tratamento. A causa directa provem de um parasita, o Perkinsus Atlanticus, que encontra na elevada carga de matéria orgânica na coluna de agua, o meio adequado à sua proliferação. Portanto sem se acabar com as descargas directas ou das mal tratadas aguas residuais das ETAR, jamais se erradicará o agente patogénico que induz à morte da ameijoa.
Por outro lado, a enorme calda de fosforo e azoto formada pelas aguas residuais, bem ou mal tratadas, favorecem o crescimento excessivo de fitoplancton que no seu processo de decomposição, consome o oxigénio dissolvido na agua.
A tudo isto acresce a péssima renovação de aguas, fruto do assoreamento da Barra da Armona, a principal barra do sistema. Uma barra que tinha três mil e quinhentos metros de largura e que hoje no baixa mar não ultrapassa os quinhentos metros.
Creio ser bem perceptivel que as aguas das ETAR são pobrissimas em oxigénio, o que conjugado com a elevada presença de nutrientes e matéria orgânica,um agente patogénico e a muito fraca renovação das aguas da Ria Formosa, será normal a elevada mortandade da ameijoa.
O novo seguro não vai resolver nenhum destes problemas e acha-se muito duvidoso que venha a cobrir riscos que não são provocados por acidente. Os acidentes neste caso, poderia ser uma descarga de emergência, mas aí a responsabilidade cairia sobre a entidade emissora da descarga.
Não nos parece que o novo seguro venha trazer qualquer beneficio aos viveiristas, mas a contrario, mais um encargo na sua longa lista.
REVOLTEM-SE, PORRA!

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