segunda-feira, 1 de abril de 2013

REPENSAR OLHÃO

A APOS leva a efeito mais uma conferencia do ciclo REPENSAR OLHÃO, no próximo sábado, desta vez sobre a Baixa Comercial - Fim do Comercio?.
A agonia do pequeno comercio local já vem de há bastante tempo e pelas mais variadas razões de entre elas, a degradação das condições de vida dos seus habitantes, particularmente dos que vivem do mar, das grandes superfícies como da falta de um planeamento serio, apostado no desenvolvimento económico de base local.
Como é sabido, as pessoas que vivem das actividades ligadas ao mar, têm visto os seus rendimentos cada vez mais reduzidos, obrigando-as a procurar locais onde possam comprar mais barato.
As medias/grandes superfícies, com todo o seu poderio económico impõem regras aos produtores, nem que para isso tenham de adquirir fora do País, que os levam à falência, invocando como razão a competitividade.
E como se isso não bastasse, criaram eles próprios novas centralidades, os centros comerciais, fontes aglutinadoras de pessoas e de dinamização dos espaços.
Mais recentemente surgiram novas unidades, não com aquele estatuto, mas cujos resultados práticos são os mesmos, estes abusando de cargas horárias extremamente pesadas, salários abaixo do salário mínimo nacional e sem qualquer fiscalização, escravizando quem lá trabalha.
Atendendo à nova realidade, as autarquias deviam ter encontrado as respostas necessárias por forma a proteger o tecido comercial tradicional, por ser este aquele que redestribui, fazendo circular a riqueza criada nos locais onde se insere, enquanto que os outros, quais aves de rapina, ao contrario apenas têm como objectivo sacar a riqueza criada pelos Povos.
A Câmara Municipal de Olhão mais não tem feito que contribuir para a degradação do pequeno comercio  tradicional local. Os grandes negócios são aqueles que podem dar alguma coisa à escumalha politica com poder de decisão e por isso estiveram, estão e estarão sempre disponíveis para ajudar os grandes projectos financeiros e nunca os desgraçados.
Olhão conta já oito medias/grande superfícies e todas elas têm tido o apadrinhamento da autarquia. Para o Pingo Doce, gastaram-se dinheiros públicos, na construção de um Parque de Estacionamento subterrâneo; para o Intermarché foi autorizada a instalação de um posto de combustíveis; ao Ria Shoping criou-se uma rotunda, permitiu-se a colagem do betão ao prédio contíguo, perdoou-se a prometida cobertura da Rua do Comercio e ainda se fazia publicidade na Agenda Local do Município; e muito mais haveria a dizer...
O que a autarquia não fez e deveria ter feito, era obrigar essas superfícies a comprar no concelho/região uma percentagem significativa dos produtos, particularmente os perecíveis horto-fruticolas e pescado, como forma a desenvolver de forma harmoniosa a economia local. Mais, é da competência da autarquia a fixação dos horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais que nunca devia ter permitido a abertura aos Domingos e Feriados, mas que podia sugerir horários alternativos dos diversos sectores para que a todos fosse dado acesso, possibilidade de fazer as compras no comercio tradicional local.
Com este tipo de politicas, induzindo as pessoas a viverem de costas voltadas uns para os outros na procura de melhores preços em lugar de mais e melhores rendimentos, as autarquia enquanto órgãos de poder de proximidade têm muitas culpas porque promovem a degradação económica de base local e social.
Porque estamos em ano de eleições autárquicas, esta conferencia vem introduzir um tema muito importante para o futuro da cidade e esperamos que os "experts", candidatos anunciados e  que já puxaram dos galões da gestão, se pronunciem sobre o que fazer com a Baixa de Olhão.

Sem comentários: