quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

OLHÃO: BARREQUINHAS PARA DEMOLIR?

Hoje há assembleia municipal e um dos assuntos que vai a discussão é uma permuta que nos deixa apreensivos com o que se esconde por detrás dela.
Em meados do século XIX, um abastado proprietário natural de Loulé, cedeu os terrenos que albergam o Bairro 16 de Junho, mais conhecido por Barrequinhas, para que os pobres da cidade ali instalassem as suas barracas, na altura feitas de tábuas e latas.
No inicio do século XX, com a chegada do caminho de ferro, a propriedade foi divida para a construção da via ferroviária. Entretanto as tábuas e latas deram lugar ao tijolo e cimento.
A maioria das pessoas que ali viviam e vivem, tem fortes ligações ao mar, até pela proximidade do mesmo, onde iam buscar o sustento quando não o alimento.
Já neste século, a Câmara Municipal de Olhão, encetou uma tentativa de escorraçar os últimos resquícios de olhanenses que vivem naquele bairro, mas porque o empreendimento previsto se tornou num flop, a ideia ficou em stand by.
Com nova administração mas o mesmo tipo de pensamento, vem agora a autarquia, considerar ilegal o Bairro 16 de Junho e apresentar uma candidatura a fundos comunitários para demolir o edificado, sem ter em conta a situação dos moradores.
De canalhice em canalhice, o presidente da câmara deveria ter começado por dialogar com os moradores e verificar da sua disponibilidade para deixar o lugar onde muitos deles cresceram, criaram raízes, constituíram família, tendo passado as casas de mão em mão. Seria assim se vivêssemos numa democracia, que a que temos, não passa de uma forma de proferir uns desabafos sem consequências. Para isso seria necessário que o presidente da câmara fosse um democrata, mas não o é. Ele está refém dos interesses económicos.
Fruto de uma maioria absoluta, fez aprovar em sessão de câmara, uma proposta onde se pronuncia pela ilegalidade do Bairro 16 de Junho, como se os terrenos, alguma vez, tivessem pertencido ao município. Como já vimos no passado, a autarquia apodera-se de terrenos que não são seus para depois os vender aos amigos do regime instalado.
Resta saber onde, quando e como vão ser realojados os moradores? É que com esta história, eles passam de senhorios a inquilinos; passam a pagar uma renda, que ainda ninguém disse de quanto seria; da mesma forma ninguém se pronunciou quanto ao local onde serão realojados, cortando a sua relação com o mar.
E não se pense que a veia ditatorial do presidente se fica por aqui, porque ainda que não o diga, o seu pensamento também se vira para o Bairro Social por detrás da antiga congelação, para satisfação para o homem de Braga que vê nisso uma valorização acrescida do seu empreendimento. Aliás, já se houve falar na demolição do Bairro da Asa Branca, na Fuzeta, mesmo por detrás do empreendimento do mesmo cavalheiro.
À semelhança do que aconteceu com o Bairro Social das Pré-Fabricadas, no Largo da Feira, são os dinheiros públicos a custear operações urbanísticas para realojamento dos moradores, em que deveriam ser os beneficiários, patos bravos, que desenvolvem os seus projectos imobiliários nesses locais, e ganham milhões.  
Portanto os moradores do Bairro 16 de Junho têm é que se organizar e lutar pelos seus direitos.
ABAIXO A DITADURA!

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostaria que abordassem o abate da que poderá ser a maior árvore da cidade de Olhão, entre as Piscinas e o Estádio José Arcanjo. Podia-se chamar-lhe o pulmão da zona, sendo que estava próxima dos ares acentuadamente poluídos da EN125. Junta-se a esse abate os abates das enormes árvores da Escola Alberto Iria, também algo recentes, mais os de umas oliveiras num terreno na zona, os abates das grandes árvores do Lidl, bem como ainda os da Secundária de há mais tempo atrás. Os benefícios de verdadeiras árvores são inúmeros e é preciso realçar isso, pois muitos os desconhecem. Exemplo aleatório: https://www.nature.com/articles/srep11610 Secção segunda «Introduction», segundo e terceiro parágrafo. Com benefícios desses, abater uma árvore, e deste tamanho, é um acto de terrorismo. As árvores plantadas pela autarquia são míseros e insignificantes palitos depenados.

Junta-se a isso o nefasto método de «manutenção» usado nas árvores da cidade, o qual também tem de ser compreendido e denunciado. As páginas e imagens explicativas do assunto são demasiadas:
https://web.archive.org/web/20181221144511/https://i.pinimg.com/originals/74/7e/90/747e90c6f328acd6c9bc9a46b1d19d9b.gif
http://fullcircletreeandshrub.com/blog/tree-topping-worst-option/
Esta municipalidade multa todos os que mutilam as árvores como elas são mutiladas em Olhão e requer a substituição da árvore, a qual recebe uma debilitação irremediável, caso isso aconteça:
http://www.leegov.com/dcd/es/trees/treemaint
A municipalidade acima criou um excelente aviso que explica o problema, com formidáveis fotografias exemplares do que constitui uma violação, que enviou a todas as entidades relevantes (sendo o melhor recurso que aqui possuo):
http://www.leegov.com/dcd/Documents/ES/TreeRequirements.pdf
Denunciaram neste blog uma vez, um tronco de árvore ter caído sobre um veículo estacionado, mas nunca mostraram aqui que o atentado na sua manutenção é a razão da queda. É vergonhoso ver árvores assim pelos concelhos afora, um rótulo de atraso cognitivo evidente a qualquer visitante. Imagine-se como Olhão e outros concelhos iguais são vistos aos olhos dos civilizados. Como se conseguirá respirar tendo a canalha de bestas acabado de abater as mega-árvores da cidade?