segunda-feira, 16 de março de 2020

RIA FORMOSA: OLHÃO 4 TEM FUTURO?

Enquanto entidades publicas como a autarquia de Olhão ou a Aguas do Algarve continuam poluindo a Ria Formosa, quem vive dela vai vendo os seus rendimentos minguarem.
Muito se tem falado das zonas de produção e pouco se tem dito sobre o futuro e era importante que quem exerce a sua actividade na produção de ameijoa reflectisse um pouco sobre o assunto. Estamos a falar da zona Olhão 4, por enquanto classificada como sendo de classe B.
E dizemos por enquanto porque dentro de algum tempo, mais curto ou mais longo, estará destinada a levar a mesma classificação que Olhão 3. E porquê?
Como é do conhecimento geral, a matéria orgânica (caca) em suspensão vai sedimentando, ou seja ao depositar-se no fundo, ela acabará por fazer parte do substrato onde se produz a ameijoa. Ameijoa essa que devido ao seu processo de filtração vai fazendo a bioacumulação da contaminação fecal.
Assim quanto mais tempo durarem os esgotos directos, sem qualquer tratamento e o péssimo funcionamento das ETAR, é previsível que dentro de meia dúzia de anos, vejamos a zona Olhão 4 também ela ser desclassificada para classe D, embora antes disso possa ver a passar para C, transitoriamente.
Olhão 4 é a zona que está à bica para uma futura desclassificação, o que não quer dizer que as outras não possam vir a ter o mesmo problema. É tudo uma questão de tempo. E por isso, todos os que vivem ou sentem a Ria e as suas actividades economias tradicionais, devem lutar por uma Ria Formosa cada vez mais formosa.
Para se perceber melhor da importância da produção de ameijoa, atente-se na imagem acima, retirada da Estatistica da Pesca, elaborada pela DGRM.
A produção de moluscos representa 56,7% da produção aquícola total, e daquela, 87,6% são de produção de bivalves, a maioria dos quais na Ria Formosa, com destaque para a ameijoa, de longe a maior contribuinte para estes números. Importa referir que só a dez euros o quilo, o valor da ameijoa atinge cerca de quarenta milhões de euros, que ficam na cidade.
Para alem dos números relativos à produção de ameijoa, importa os números quanto á quantidade de pessoas que directa ou indirectamente vivem desta actividade.
Afinal quem quer acabar com isto? Serão aqueles que defendem uma POLUIÇÃO ZERO ou uma autarquia que continua a poluir? Será o turismo o grande gerador de receitas locais que vai substituir a produção de ameijoa?

1 comentário:

Anónimo disse...

Corona ou outro espanta de qualquer natureza e o ALLgarve do Turismo muda para o tempo verbal foi. A acontecer, o que pode acontecer vai acontecer, nem raspas de corno poderão mitigar a miséria, mos.