terça-feira, 16 de agosto de 2022

OLHÃO: O IMPÉRIO DA ALFARROBA

 1 - Nos ultimos tempos, muitas são as pessoas que têm vindo a falar no furto de alfarrobas, vendo o acto como se estivessem a ver a copa esquecendo a raiz do problema.

É demasiado fácil ou mesmo moda apontar o dedo a quem pratica o furto esquecendo que o problema está no receptador sem o qual não se justificaria o furto. Omite-se que alguns produtores também têm responsabilidades na forma como actuam, não emitindo facturas do produto vendido, o que facilita a vida do receptador.

2 - O receptador, em principio tem algumas alfarrobeiras com as quais justifica uma produção própria, e mesmo que alguns lhe passem factura do produto vendido, ficaria muito longe daquilo que depois vende.

Se a produção própria, mais o produto comprado com factura não justifica as vendas então onde vai arranjar tanta alfarroba?

3 - Não será quem rouba quem enriquece mas sim quem compra tanta alfarroba sem factura. Mas atenção que ao comprar sem factura, o receptador se declarar a totalidade das vendas teria a pagar uma enormidade em sede de IRC, a não ser que também venda sem factura.

De uma forma ou de outra, por esta situação é susceptivel de configurar o crime de fuga ao fisco. E se praticada durante anos, num clima de impunidade, é possivel construir um autêntico império.

4 - Claro que muito dificilmente se provará a receptação; ele não há flagrante e muito provavelmente não haverá quem vá depor contra o receptador, impedindo a acusação pela prática do crime, restando apenas a fuga ao fisco.

Já a fuga ao fisco, permite a sua regularização, pagamento em atraso, até à hora do julgamento, porque o que interessa ao Estado é receber o dinheiro, esquecendo que com isso está a prejudicar ou empobrecer o produtor.

5 - O dono de Alfandanga viu serem apreendidos duas viaturas carregadas de alfarroba sem ter o necessário comprovativo da proveniência do produto. Estando obrigado a apresentar uma qualquer declaração justificativa com vista á regularização perante o fisco.

6 - O dono de Alfandanga, com o fechar de olhos de algumas entidades publicas senão mesmo com o seu aval, deu-se ao luxo de proceder a aterros de lito de cheia e a construir armazens em terrenos da Reserva Agricola sem apresentar qualquer projecto de obras. E aí, eu próprio pedi o acesso ao processo e pude constatar que não existia. Qual o resultado? Foi legalizado quando devia ter sido demolido!

7 - Com estas práticas o dono de Alfandanga tem montado um verdadeiro império. Mas pergunta-se se a riqueza assim criada, fruto de práticas susceptiveis de serem consideradas crime, não deveria ser toda ela confiscada pela autoridades? É que se não for penalizado pelo crime nem nos resultados deles para que serve esta justiça?

8 - Roubar não é feio, feio é ser apanhado a roubar!

Mas se formos ver quem são as amizades e a quem dá apoio, então encontramos o dono da Alfandanga com uma figura publica de relevo em Olhão.

Tenham vergonha!  

5 comentários:

atento disse...

Tanto é ladrão aquele que vai roubar alfarrobas com ladrão é aquele que compra as alfarrobas roubadas.
Como é que os deputados do nosso concelho aprovam uma lei de interesse municipal para legalizar uma obra ilegal,do recetor, é que é devia ser caso de investigação criminal.

Anónimo disse...

Vou fazer mais um comentario, e mais uma vez não haver coragem de o publicar ...
Sou um pequeno produtor de farroba, não sou agricultor preciso de comer , sempre a entreguei e recebi uma factura, paguei o imposto(acto único).
O meu problema é que não estou coletado e não posso passar factura nem guia de transporte durante o transporte pelo qual estou sempre em incumprimento e a GNR anda sempre a caça...
Para mim o problema é legislativo, e nunca houve coragem politica de o resolver e que tambem sejam castigadas as pessoas que roubam (subsídio dependentes para nos roubarem)
Mais de 90% dos produtores são idosos, pequenos agricultores não colectados, atribuir-lhes as culpas 'é injusto...
O receptor "dono de alfandanga", sempre passou factura, sempre pagou um valor justo, e só vendeu quem quis é um grande empregador e tomara nós muitos mais assim
O vosso artigo é um ataque descarado de valores a uma pessoa e a mim parece-me muito injusto.
Tomará a nos mais gente empreendedora e menos gente critica.




a.terra disse...

Ao comentador do dia 18, pelas 10:30
Ninguem disse que quem rouba não deva ser castigado nem se trata de defende-los. O que está em causa é que o produto deve ser acompanhado de facura. Se o produtor não está colectado, é porque não quer e se o volume de negócio for baixo, está isento de IVA. Mais se os produtores são idosos, então devem estar reformados e poderão pedir a isenção do pagamento da taxa social unica. Não há razão alguma que justifique a ausência de colecta e do dever da emissão da factura.
Mas também devemos dizer que o objectivo não é culpar o produtor mas somente, porque sabemos que um esquema que serviria para despenalizar a pessoa posta em questão.
O comentador tão preocupado com o comprador, devia explicar então porque razão foi ele incomodado pelas autoridades?
É com procedimentos desses que se enriquece de forma ilegal e ilegitima!
Que o comentador, qual pescador de aguas turvas, vem tentar descredibilizar a politica do blogue no que concerne à publicação dos comentários, fique sabendo que não temos qualquer preocupação com isso.
Mas já agora, aproveito ainda para lhe perguntar e gostava de ver uma resposta, o individuo em questão, não procedeu ao aterro de um leito de cheia? Não construiu um armazem sem estar munido da licença de obras?. Tão honesto que ele é!

Anónimo disse...

Comentei porque no ponto um" é demasiado facil apontar o dedo a quem pratica o furto" pareceu me um branquiamento a quem realmente furta, e que o problema é só do receptador... dá engulho
Na manifestação em loule, foram entregues boas ideias, e o verdadeiro problema é legislativo e da inercia de quem nos governa.
A nivel pessoal , o meu pai tem mais de 90 anos, uns bocados de terreno, agora que a farroba vale algo, esse dinheiro serve essencialmente para ajuda na limpeza dos terrenos..acontece que ontem foram furtadas as farrobas de 5 farrobeiras de bias , foi chamada a Gnr pelos vizinhos e demorou 2 horas , nem para ajudar a carregar...
Com 90 anos vou levar o meu pai a coletar se, enfrentar a burocracia do estado as filas das finanças como as da urgência do hospital pedir facturas e bloco de guias de transporte, e a adquirir uma viatura própria so para o uso profissional... o melhor é abandonar tudo.
Quanto ao resto posso dizer que toda a Alfandanga esta no leito de cheia, e quanto ao dono de alfandanga pouco me importa as trapalhadas pois é bem a imagem da câmara de Olhão, como muitas outras começando na zona industrial passando pela ilha, e terminando na vergonha do canil , ate já mudei de cidade...
O bloque que tanto critica e muitas vezes com toda a razão também é injusto as vezes, e têm que aceitar a critica, e se duvidei a publicação foi porque ja o fiz e não foi publicado

a.terra disse...

Meu caro comentador:
Tanto deve ser penalizado quem rouba como quem compra sabendo que a origem é de furto. Essa é a primeira questão.
Outra questão é a obrigação de facturar tudo que é vendido, não cabendo dispensar quem quer que seja dessa obrigação a não ser que seja declarada uma isenção.
O comentador está a pessoalizar a situação, enquanto nós falamos no plural, no conjunto das pessoas.
Ainda que possa parecer que se esteja a dizer que o dono da Alfandanga seja receptador não corresponde à verdade. Apenas dizemos que ele foi apanhado com produto na sua posse sem ter a necessária justificação.
Quando apontamos o dedo a alguns produtores, referimo-nos àqueles que emitem uma declaração dizendo que "venderam ou dispensaram" n quilos de alfarroba ao dono de Alfandanga, quando não o fizeram.
Como refere e dado que lhe roubaram o produto de cinco alfarrobeiras, imagine que emitia uma tal declaração ao dono de Alfandanga dizendo que lhe vendera uma quantidade igual à que lhe fora roubada. Não acha que isso seria uma forma de branquear a situação dele, no caso de eventualmente ser ele o comprador?
Como sabe, se o comprador da alfarroba não tiver uma factura de suporte como vai apresentar despesas? Porque depois o IRC vai comer-lhe metade do que ganhou. Então o comprador vai, por uma lado, tentar vender sem emitir factura e por outro vai invocar tal argumento para pagar metade do que paga a quem emite a respectiva factura.
Se a alfarroba está no mercado a 45 euros, três euros por quilo, o comprador não pagará ao tal subsidio dependente mais do que um euro e meio para depois vender, talvez por quatro, ou seja ganhando assim dois euros e meio por quilo.
Se o comprador tiver cinquenta subsidio dependentes a levar-lhe cem quilos de alfarroba por dia, terá cinco toneladas por dia e ao mês serão cerca de cento e cinquenta, gerando ganhos de trezentos e setenta e cinco mil euros num só mês, enquanto o subsidio dependente leva cento e cinquenta euros por dia, quatro mil e quinhentos euros num mês.
O subsidio dependente pode viver melhor dois ou três meses mas o comprador enriquece!
Não deveriam ambos ser penalizados?