quinta-feira, 16 de junho de 2022

OLHÃO: DRAGAGENS NAS BARRAS DA FUZETA E ARMONA

 

A câmara municipal de Olhão celebrou um contrato para elaboração do estudo prévio e projecto de execução para dragagens no canal e barra da Ilha da Armona e da Fuzeta, conforme imagem acima.
Pela própria natureza do contrato, as dragagens visam essencialmente a navegabilidade nos canais de acesso à Armona, seja no em Olhão como na Fuzeta, embora se destinem também as barras. Ainda que estejamos de acordo com a necessidade destas dragagens, sabem a muito pouco, porque deviam revelar a preocupação com a vida dentro da Ria.
Falta ainda saber qual o destino das areias a repulsar.
Se  a barra da Fuzeta é essencial para a pesca porque aquilo mais parece a estrada da Serra do Caldeirão, a barra da Armona tem outras implicações, porque ela deveria continuar a ser a principal barra do sistema.
A barra da Armona toinha mais de três mil metros de abertura, estando  hoje, no baixa-mar, reduzida a escassos duzentos metros sendo vital para a renovação das aguas dentro do espaço lagunar e claro para a produção dos bivalves.
Ainda não há muito tempo, houve uma rotura numa das condutas assentes no fundo da barra da Armona e para a sua reparação tiveram a necessidade de sugar cerca de três metros de altura de areia, o que diz bem do estado de assoreamento da mesma.
No projecto inicial para a construção das redes em alta, as condutas deveriam passar por debaixo do fundo mas tal não foi possivel porque a empresa que fazia a obra perdeu duas brocas, desistindo de o fazer.  Foi encontrada uma solução milagrosa de depositar as condutas no fundo, contribuindo assim para o assoreamento. Decorria o ano de 2009 e esta era uma intervenção provisória, mas já se passaram treze anos e continua tudo na mesma. Nesse ano haviam eleições autárquicas e era preciso dar alguma satisfação às pessoas.
Depois disso, houve o processo de demolição das casas e foram inventadas faixas de vulnerabilidade que não estavam previstas em nenhum plano de ordenamento, ma forma simpatica para demolir algumas e deixar as dos donos disto tudo de pé. Esqueceram-se que na Praia de Faro, ainda que em zona concessionada, ou não, todas elas estão incluidas no conceito inventado para as faixas de vulnerabilidade.
A verdade é que só foram demolidas casas pelo lado interior da Ria e protegidas as da costa.
O assoreamento da barra e a sua fraca abertura provocaram alteração nas correntes, aumentou a pressão e provocando a erosão acentuada no interior da Ria, que vai sendo "comida", algo que é preciso corrigir. Isto para não falar na falta de renovação de aguas, essencial à vida no interior da Ria.
Logo, as dragagens na barra da Armona devem não só visar a navegabilidade mas também a protecção das pessoas, bens e ainda a vida. Assim, na nossa opinião, a barra deve ser muito mais aberta e as areias repulsadas para os nucleos da Ilha da Culatra, especialmente dos Hangares e Farol, tanto pelo lado da costa como pelo lado da Ria.
Dragar apenas com o objectivo da navegabilidade, no caso da barra da Armona, e até tendo em conta o POOC, parece tratar-se de uma encomenda para satisfazer alguns, poucos beneficiarios. Os autarcas devem governar para a maioria e não para pequenos grupos de interesses.
Mas voltaremos a este assunto, em breve, com mais elementos, já que, embora entendendo a necessidade de dragagens, elas devem feitas de forma correcta.

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