sexta-feira, 25 de novembro de 2011

QUE ESPERAVAM DA GREVE?

A greve é um direito inalienável dos trabalhadores e, mais do que nunca, as greves são mais que justificadas. Aqueles que nos pedem para apertar o cinto, aqueles que apregoam a equidade na distribuição dos impostos são os que mais abusam. Para eles não tem que haver equidade.


O governo mente sobre os números de adesão à greve mas também não é de admirar. Entre Passos Coelho e José Sócrates, que venha o diabo e escolha. Qual dos dois o mais mentiroso. Os portugueses tiveram oportunidade de ver, pelas televisões, que apesar dos poucos transportes públicos a circularem os mesmo andavam vazios, sinal que, de facto, as pessoas não foram trabalhar. O pouco trânsito e a ausência de pessoas nos transportes públicos são um bom indicador, mas cada qual dá-lhe a interpretação que lhe quiser dar. Tivemos alguns incidentes que não podemos deixar passar em claro, pelo significado que encerram. Os coktail's Molotov contra duas repartições de finanças devem ser interpretados como um ensaio de ataque ao Estado ladrão. Os que perpretaram esse ensaio, certamente serão pessoasextremamente revoltadas com a situação, pessoas que se viram pejadas de alguma coisa e mostraram dessa forma a sua revolta. A tentativa de parar a circulação dos comboios vai na mesma linha e foram em diferentes pontos do País. Não se vislumbra qualquer relação entre as pessoas que perpretaram os incidentes mas tem uma coisa em comum: o sentimento de indignação, de revolta que nutrem pelas medidas que tem sido tomadas. Os incidentes frente à AR mostram que há gente que não se conforma, que não está disposta a baixar os braços e que não quer estas medidas. Jovens, na sua maioria, jovens que não vislumbram um futuro, jovens que não sabem como irão sobreviver. Como noutros países, em que os estudantes do ensino superior são os grandes agitadores, os grandes animadores, os preconizadores das reacções mais violentas. Aqui também vai chegar.
Que Passos Coelho ou o ministro das finanças neguem, a situação começa a tornar-se clara. Os privados, aproveitando a "deixa" deste governo, vão despedir pessoal, vão cortar nas remunerações dos trabalhadores. Disse-o Ricardo Espírito Santo, patrão do BES, e disse-o também Fernando Ulrich presidente do BPI e quando estes senhores o fizerem, os outros irão por "arrastamento". O ensaio do governo com a meia hora a mais não é mais que um teste, ver a té que ponto é que pode avançar no retrocesso civilizacional e fazer-nos recuar até ao século XIX, com as 48 horas de trabalho semanal. Não tenhamos ilusões, em 2012, muito provavelmente irão reduzir os sal´rios nos privados, os trabalhadores serão chamados a cobrir os prejuízos do patronato sob a forma de rexdução de salários e trabalho escravo.
O governo e o patronato ufanam-se com as pessoas que não fizeram greve. Entre estas pessoas há as que não fizeram pela sua situação de precariedade, de contrato a termo certo, a recibos verdes ou à hora. É errado pensarem que não fazendo greve irão manter os postos de trabalho mas compreende-se. Há ainda aqueles que estão "bem servidos" e embora reclamem em surdina mas não querem perder um dia de salário não compreendendo que com essa atitude passiva estão a aceitar que num futuro próximo irão sofrer mais cortes mas não deixa de ser a sua opção, infelizmente. Estão à espera que os outros façam o "barulho" por "eles".
Ontem mesmo, os juros da dívida soberana subiram em todos os prazos e nada teve que ver com a greve. Mas também subiram os juros dos outros países. A Itália viu-os crescer acima dos 7% e para o próximo ano, só para Itália e Espanha, vão ser precisos no mínimo 570 mil milhões de euros o que não preconixa nada de bom, até porque a Espanha consome 25% das nossas exportações e quando tiverem que aplicar a austeridade, os espenhóis vão deixar de consumir parte dos nossos produtos. A França também viu os juros subirem, bem como a Bélgica, a Austria. As "coisas" começam a tomar proporções até à bem pouco tempo inimagináveis. Mas os portugueses devem pensar bem, devem pensar que na catástrofe que se adivinha. O OE está aprovado. Não há volta a dar mas quanto vai representar a subida das taxas de juro da nossa dívida soberana e que implicações tem na concretização do OE? Mais medidas de austeridade, mais cortes e mais impostos, mais desemprego, mais recessão é o que se adivinha para 2012. Por tudo isto devemos manter-nos alerta, devemos lutar contra o "sistema", "sistema" fruto da globalização e dos especuladores internacionais e nacionais. Não há volta a dar. Novas greves se adivinham e chegaremos a um ponto que só as greves de um dia não serão o suficiente para mostrar a indignação e a revolta de todo um Povo...


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