segunda-feira, 25 de julho de 2022

OLHÃO: MODERNIDADE PARA QUÊ E PARA QUEM?

 Felizmente a democracia ainda nos permite fazer o contraditório daquilo que tem sido a postura do poder politico local e não só, no que à cidade diz respeito.

Para nós que entendemos que as cidades devem desenvolver-se a pensar nos residentes de tal forma que quem nos visite queira aqui voltar, não vemos com bons olhos as politicas seguidas pelo executivo camarário.

Tem sido uma constante das politicas do actual edil, a degradação ou descaracterização da Baixa de Olhão, muitas das vezes em violação da legislação. Basta ver que o Regulamento Geral da Edificação Urbana manda que nas novas construções, seja observada uma linha de 45º contados a partir do lado oposto da rua, o que determinaria que a sul do caminho de ferro, com algumas pouca excepções, os novos edificos não pudessem exceder em altura a largura da rua, permitindo no entanto os recuados. Se tal medida tivesse sido aplicada, manter-se-ia no essencial as caracteristicas do edificado.

Quanto às pessoas, as politicas seguidas têm levado ao abandono da area de residência, mandando nas pessoas para a periferia fruto da falta de condições económicas para manter as suas casas. É o fenomeno da gentrificação, cada vez mais latente, mas que em contrapartida leva a que aqueles que apostaram em viver na cidade pelo seu património arquitectónico, humano, cultural e gastronómico, mudem de ares.

Do património gastronómico também não se vê grandes melhorias. Os bivalves na costa estão constantemente interditados por causa da toxinas e os da Ria já tiveram melhores dias com varias de produção proibidas. Ainda que se vaja algum marisco oriundo da Ria, a maior parte dele já nada tem a ver com ela.

Olhão, que chegou a ser o maior centro piscatório do País, pelo menos em volume de vendas, hoje definha com os barcos a preferirem deslocalizar-se para Quarteira.

Em contrapartida cresce a olhos vistos a expansão do mercado de segunda habitação fruto da publicidade que a autarquia tem levado a cabo, pressionando proprietários e residentes a abandonar casas e armazens na frente de mar para dar lugar a condominios de luxo, onde só os ricos podem viver. Neste aspecto, a autarquia tem funcionado como uma agência imobiliária, adquirindo ou comprando terrenos para os vender para a construção de tais empreendimentos, como aquele que há poucos dias foi anunciado.

A baixa de Olhão, não pode deixar de estar acessivel aos olhanenses mas as condições económicas fazem com que não possam aceder a muitos dos locais.

Se olharmos para trás, vemos que a perda de postos de trabalho na pesca e nos sucedaneos. como as conserveiras, não foram compensados com a criação de emprego, o que aliado às reformas de miséria, faz com que as condições de vida das pessoas se vá degradando. Até quando?

Se acidade está melhor aos olhos de alguns, outros há que pensam que o capital humano é o mais precioso e a autarquia nunca desenvolveu qualquer politica para a promoção da empregabilidade.

Neste contexto, a modernidade da cidade serve interesses alheios que não os dos olhanenses. Alguns vêm ganhar muito dinheiro enquanto a maioria das pessoas vivem uma miséria envergonhada. Essa é a modernidade social vigente!

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o que está descrito neste post, infelizmente temos tido a mesma cor política há décadas, o povo não aprende são uns mal duzentos de café na hora de irem votar votam sempre na mãozinha e porque será?