sábado, 16 de fevereiro de 2008

"Refundar a esquerda"? Que esquerda?

Zangam-se as comadres, descobrem-se a verdades. Manuel Alegre está zangado ou finge que está, com Sócrates. Vai daí e reconhecendo o carácter nada democrático do governo deste lança um movimento de opinião dentro do P"S" que não foi bem acolhido pelas chefias. As dúvidas de Manuel Alegre acerca da democracia de Sócrates e ciente de que este levou o partido a apoiar Mário Soares na candidatura presidencial decidiu-se a dar-lhe uma lição.

Sabendo que os "boys" apoiarão o seu chefe de fila, Manuel Alegre está consciente de que no secretariado ou num congresso dificilmente obterá uma vitória. Mas também está ciente do peso que teve o movimento cívico que criou quando se candidatou à presidência da república e que teve mais votos do que o candidato apoiado pelo seu partido, isto é, teve uma maior base de apoio à boca das urnas que o seu próprio partido. Este peso, esta força, permite-lhe, agora, pôr a fasquia bem mais alta e desafiar Sócrates: "Queres um sufrágio interno? Não! Vamos às urnas em 2009 e logo se vê! O povo dirá qual dos dois é mais querido."

Os "boys" sabem que tem muito a perder se ´Manuel Alegre abandonar o barco. São três eleições num muito curto espaço de tempo, provavelmente até duas delas se efectuarão em simultâneo. Se Alegre se lembrar de candidatar às Legislativas e às autarquícas poderá conduzir à derrota de Sócrates e do P"S" tanto numa como na outra. E à medida que o descontentamento vai aumentando, é cada vez mais expectável que, mesmo que Sócrates se lembre de dar um "bom" rebuçado ao "Zé", esse rebuçado perca o efeito desejado porque o apertar do cinto é excessivo para o que o "Zé" está disponível a suportar.

Mas, ao mesmo tempo, querer casar P"S, P"C"P e Bloco de Esquerda a título de refundar a esquerda, significa por outras palavras que para ele, Manuel Alegre, a esquerda não existe. E ainda que refunda essa pseudo-esquerda, cada vez menos poderão continuar a enganar o "Zé". A "esquerda" de que Manuel Alegre fala, é uma "esquerda" comprometida com um sistema podre, com um sistema que dá a governação a Bruxelas e transforma o governo nacional numa espécie de moço de recados encarregue de aplicar aquilo que Bruxelas entende ser necessário.

Poderá refundar a "pseudo-esquerda" mas nunca terá condições para se opor aos novos mandatários deste país...

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