sábado, 25 de janeiro de 2020

OLHÃO: A RIA CADA VEZ MENOS FORMOSA!

Nos últimos dias têm vindo a lume noticias que nos dão conta da apreensão de grandes quantidades de berbigão, mas não se diz o que se esconde por detrás das investidas policiais na Ria Formosa.
Nesta parte da Ria Formosa, há cinco zonas de produção/apanha de bivalves, a saber Olhão1, Olhão 2, Olhão 3, Olhão 4 e Olhão 5. Na zona Olhão 3 está proibida a produção/apanha de qualquer bivalve devido à forte contaminação fecal, embora a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) diga que as aguas da Ria Formosa são de excelente qualidade. Porque não a bebem?
Em Olhão 1 apenas se produz a ostra "gigante" e a ameijoa, sendo que para a ameijoa a zona é classificada como sendo C e para a ostra A. Aí não há berbigão, longueirão, ameijoa de cão ou mexilhão. Mas a alta qualidade da agua está à vista, e ameijoa que o diga.
Em Olhão 2, onde o presidente da câmara tem o seu viveiro de ostras em terreno ocupado ilegalmente, podem-se apanhar todas as espécies.
Em Olhão 4 também se pode apanhar um pouco de tudo, mas em Olhão 5 (Culatra) não se pode apanhar ameijoa de cão, berbigão, longueirão ou mexilhão por estar classificado como sendo de classe C.
De notar que a Classe C obriga à transposição para um terreno de classe A, mas a única zona da Ria Formosa com tal classificação é em Olhão 1 e apenas para a ostra, sendo todas as outras B e Olhão 3 como D.
No ano passado, em Março foi emitido um despacho em que o berbigão tinha de ter como tamanho mínimo os 2,5 centímetros; em Agosto novo despacho que permitia a apanha de berbigão com um tamanho inferior, desde que se destinasse à industria espanhola. Significa isto que não se trata de qualquer protecção à espécie, mas antes a interesses ou a interesseiros.
Certo é que na maior parte da Ria Formosa, não se pode apanhar berbigão, longueirão, mexilhão ou ameijoa de cão.
Mas mesmo quando se pode apanhar, como no caso do berbigão, se este não tiver o tamanho, apenas se for para a industria, industria essa que faz a encomenda aos armazéns e estes aos mariscadores. Sendo assim, estes não têm como dizer a quem se destina o berbigão. 
As autoridades policiais têm instruções para agir e apanhar os infractores; mas porque razão são os mariscadores perseguidos? Não será mais uma achega para ir acabando com as actividades tradicionais da Ria? 
É que se o berbigão não for apanhado, ele acaba por morrer sozinho, quanto mais não seja pelo excesso, não tendo, a grande qualidade da agua, o oxigénio e alimento necessário para o alimentar.
E aos poucos se corre com quem sempre viveu de e na Ria Formosa.

1 comentário:

Anónimo disse...

O fdp era o Salazar. Agora só gente séria, moss.