sexta-feira, 4 de março de 2022

OLHÃO: FALSA SOLIDARIEDADE

 

O miudo que se vê na imagem, é o Rodrigo; ele sofre de uma doença incapacitante e dependente de terceiros, neste caso, dos pais. Como é de calcular, não será só ele a sofrer mas todos os que o rodeiam, sejam pelo sofrimento dele como pelas insuficiências económicas que a assistência provocam.
Fruto dessa situação, decorria o ano de 2013, sem outros meios viram-se na necessidade de falhar o pagamento da agua, algo que a empresa municipal, a Ambiolhão, não perdoou, quando nós sabemos que há quem deva água há anos e nada lhe aconteça.
Porque a situação económica é muito dificil, a familia tentou que a câmara municipal de Olhão lhe concedesse uma casa de habitação social ou de renda acessivel. A autarquia reusou, fundamentando a recusa na falta de pagamento da factura da agua de 2013.
É prática recorrente que as entidades publicas se preocupem mais em receber estes trocados do que dizer às pessoas incumpridoras que as dividas de bens ou serviços essenciais, prescreve ao fim de seis meses. Apesar de não estarem nas melhores condições a familia procurou juntar o dinheiro suficiente para pagar a divida, o que conseguiu.
Paga a divida, foi então inscrever-se, mas a resposta que obteve foi a de que a não atribuição de uma casa foi, imagine-se, azar!
Não são os pais, que noutra situação não teriam criado a divida, que tentariam o acesso a uma casa mais barata. É o Rodrigo, o miudo que não pediu para nascer e menos ainda para ser portador de tamanha dependencia, que precisa da solidariedade de todos, e todos devem ter em conta que o dia de amanhã lhes pode bater à porta e viver uma infelicidade destas. Ninguem está livre de poder vir a acontecer. Não o desejamos a ninguem porque o mal estar de uma familia, fruto de um infortunio destes, não pode agradar a quem quer que seja.
Apesar de há anos viver esta situação, só agora a familia tentou por outros meios a divulgar, trazendo ao conhecimento das pessoas. Não têm que ter vergonha, seja pela falta de dinheiro ou de outros recursos,pelo contrário, devem encontrar neles a força suficiente para continuar a lutar pelo Rodrigo.
A solidariedade não é para ser propagandeada, como alguns fazem, mas sim para se praticar, levando aos mais frageis o apoio necessário para uma vida com o minimo de dignidade. Mais, se querem publicitar, então que divulguem as campanhas de recolha de donativos, mas não se venham exibir com isso.
A mesma autarquia que nega o acesso a uma casa ao Rodrigo e familia é aquela que, cavalgando a justa onda de sentimentos de solidariedade para com os refugiados da Ucrania, é aquela que ao anunciar a deslocação de um autocarro para a sua recolha, se promove.
E como dizemos atrás, a solidariedade pratica-se, dispensando a publicitação! 

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