quarta-feira, 29 de outubro de 2014

OLHÃO: ESTADO COM RESPONSABILIDADES NA MORTE DE PESCADOR


A morte de um pescador, ontem, na Barra da Armona, não pode nem deve deixar de merecer a indignação e revolta de toda a comunidade piscatória da área da Ria Formosa pelas responsabilidades que cabem ao Estado na degradação de todas as barras naturais e não só.
O vídeo acima, foi produzido na barra da Fuzeta e mostra as embarcações da pequena pesca artesanal à espera que a maré subisse para poderem entrar. Se porventura as condições da ondulação se alterassem, os pescadores ali estacionados corriam o mesmo risco que infelizmente afectou o pescador de ontem.
O assoreamento das barras cria no seu interior um percurso sinuoso em que muitas das vezes as embarcações são obrigadas a dar o lado à ondulação, correndo sempre o perigo de naufragar.
Desde o inicio da década passada que não há nenhuma intervenção nas barras naturais, votadas que estão ao abandono e degradação, com todos os riscos que representam para a navegabilidade, sejam para a pesca ou para a náutica de recreio.
Claro que a responsabilidade do estado de degradação das barras só pode ser atribuído às entidades publicas que tutelam a navegação, ou seja o Estado.
As responsabilidades do Estado nesta situação não se confinam à navegabilidade pois vão muito mais alem. É o Estado quem licencia as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que descarregam nos mares do País quantidades enormes de fitoplancton potencialmente toxigeno que em determinadas condições climáticas dão origem às biotoxinas, sendo certo que estas já existem no meio natural mas em quantidade que jamais justificariam a interdição da apanha de bivalves. São as ETAR as principais fontes de poluição dos mares e que indirectamente condicionam a actividade da pesca dos bivalves. Também aqui temos a responsabilidade do Estado.
No País vizinho, quando os pescadores são forçados a paralisações deste tipo, é-lhes concedido um subsidio, enquanto que aqui implementaram um sistema para fugir às compensações que deveriam ser pagas aos pescadores. Na verdade, ao fecharem a apanha de uma espécie mas deixarem outra em aberto, com resultados analiticos muito duvidosos, o Estado o que está a fazer é criar um sistema para não pagar nada, condenando os pescadores a uma vida de fome e miséria.
E é essa fome e miséria acrescida da enorme quantidade de mão de obra barata e sedenta de um trabalho que faz com que os pescadores ponham em jogo as suas vidas, porque se se recusarem a embarcar, poderão ser despedidos com a maior das facilidades.
Tudo somado, as responsabilidades do Estado são de tal ordem que bem se pode dizer que estamos perante um Estado assassino do seu Povo, condenando-o à fome, miséria e a colocar a própria vida em risco.
São varias as mortes, infelizmente, registadas este ano na pesca local e toda a comunidade piscatória ou não deve questionar onde andam os eleitos pela região e que pensam fazer em defesa e protecção destes homens que diariamente arriscam a vida.
O momento é de dor! Mas essa dor deve dar lugar à revolta!
Queremos as barras dragadas. Quem tem dinheiro para demolir casas também tem dinheiro para dragar as barras!
REVOLTEM-SE, PORRA!

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