domingo, 27 de dezembro de 2020

OLHÃO: QUE FUTURO PARA OS NOSSOS FILHOS E NETOS?

 Na sequência do texto de ontem, vamos tentar fazer uma pequena radiografia da situação da população residente que como se viu é de 45216 pessoas.
Daquele numero, já se percebeu que pouco menos de trinta por cento, 13245, integram a força de trabalho, faltando saber onde a utilizam, sendo que metade delas trabalham fora do concelho. A outra metade, se analisarmos bem, a empregabilidade no concelho depende muito do estado, o que é muito mau, porque condiciona a alternância no Poder, criando-se sindicatos de voto.
Autarquias e empresas municipais, forças de segurança, autoridade tributaria, segurança social e centro de emprego, centros de saúde e extensões, tribunal e cartórios, agrupamentos escolares e as IPSS como centros de dia, lares, ocupação de tempos livres, com a ACASO com o maior numero de trabalhadores, as Misericórdias ou a Cruz Vermelha, todas elas a viverem dos dinheiros do Estado, conseguem absorver metade dos seis mil e seiscentos trabalhadores restantes, ou seja, três mil e trezentos.
A outra metade são comerciantes e alguns trabalhadores, profissões liberais, prestadores de serviços, duas fabricas de transformação de pescado e duas de sal e o maior "empregador" é, sem sobra de duvidas, a Ria Formosa com produtores de ameijoa, da apanha do berbigão ou da pequena pesca artesanal e alguns, não tanto quanto apregoam, andam de avental a servir copos de aguardente.
Qualquer fabrica tem tantos trabalhadores quanto todos os que trabalham na 5 de Outubro, o que nos dá a ideia que a opção turística não tem sido a melhor para o desenvolvimento social da população olhanense e que apenas serve determinados interesses.
Obviamente que a autarquia não vai instalar fabricas, porque não tem dinheiro nem vocação para tal. Mas pode contribuir e muito para reverter a situação. Como?
Os dinheiros gastos na promoção turística, no arranjo paisagístico a pensar nos forasteiros, poderiam servir para criar um loteamento industrial, cedendo o espaço de forma gratuita ou por um preço simbólico, com a obrigatoriedade de funcionar pelo menos durante dez anos, atraindo investimento para a criação de trabalho. Quanto custam as obras na 5 de Outubro com o arranjo da estrada, dos passeios e dos jardins?
Se a autarquia tivesse preocupações com a condição de vida dos residentes, podia criar um gabinete de apoio a pequenos industriais para transformação de produtos da Ria, como uma pequena unidade para desmiolar berbigão e recolher as cascas para deitar nos viveiros, a titulo de exemplo; como poderia ajudar a criar uma unidade de tratamento da casca das ostras mortas, triturando-as para as jogar na Ria; ajudando na instalação de uma unidade de congelação para o polvo ou uma unidade de desidratação para secagem de peixe. Valorizar o produto do mar e aumentar o ganho de quem dele vive.
Claro que o presidente da câmara não tem qualquer preocupação com a população residente e essa população acaba por não se rever nas opções politicas dos detentores do Poder autárquico, abstendo-se da sua participação no acto de votar, o que ajuda a explicar a elevada taxa de abstenção de 58%.
São as opções de quem exerce o Poder e está no seu direito. Mas e as opções do cidadão eleitor será a mesma? Cabe aos eleitores olhanenses dizerem de sua justiça nas próximas eleições autárquicas. Se mantiverem o mesmo sentido de voto, hipotecam o futuro de filos e netos, ou mudam e exigem também a mudança de opções.
Para isso será necessário uma votação maciça capaz de esmagar a pequena ditadura de quarenta anos!

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