sexta-feira, 5 de março de 2021

RIA FORMOSA: QUE ANALISES SÃO ESTAS?

A classificação das zonas de apanha de bivalves é feita em função dos resultados microbiológicos, podendo ser de Classe A, o que permite a venda directa, Classe B e aí os bivalves terão de ser depurados, de Classe C, que só teriam de ser objecto de transposição para zona de classe A e finalmente de Classe D sendo proíbida a sua apanha.
Toda a costa algarvia é de Classe A, com excepção da zona L8, que se situa entre Quarteira e a Torre de Aires, classificada como sendo de Classe B, o que obrigaria  à depuração dos bivalves, como a conquilha, a ameijoa branca ou o pé de burro. Estes bivalves se fossem submetidos à depuração, muito provavelmente morriam.
Mas existe uma contradição no discurso da entidade que analisa o grau de contaminação microbiológica o que levanta muitas duvidas.
É que o IPMA vem dizendo, há anos, que a contaminação microbiológica no interior da Ria Formosa não vai além dos quatrocentos metros dos pontos de descarga de esgotos ou de aguas residuais urbanas (mal) tratadas. Ora, não havendo assim tantos pontos de descarga entre as duas localidades, separadas por uma distancia de mais de trinta quilometros, mal se percebe que toda ela esteja de tal forma contaminada que leve a ter a presente classificação, a não ser que...
Posta a questão assim, ou as analises aos bivalves não traduzem a realidade ou o discurso do IPMA ao longo dos anos tem sido o de branquear a poluição microbiológica tanto no interior como no exterior da Ria. Será inocente o discurso contraditório ou esconde-se algo maios complexo?
A zona L8 é aquela onde a frota da ganchorra tem mais peso, mais barcos, particularmente em Olhão e Fuzeta. Pura coincidência?
Se pensarmos que o Barlavento quase esgotou a sua capacidade para receber novos investimentos turisticos e que o Sotavento está por desbravar, é natural que haja uma maior procura nesta zona. O Sotavento é essencialmente a Ria Formosa com as suas ilhas.
Mas também já se percebeu que para os senhores do turismo existe uma incompatibilidade de coexistência  entre os sectores da pesca e a actividade turistica. Para alguns é a pele curtida pelo sol e sal que os diferencia dos veraneantes, outros porque o barulho dos motores dos barcos incomoda o visitante.
Será por isso que as analises do IPMA apresentam estes resultados? Não será isto uma forma simpática de tentar vencer os pescadores pelo cansaço? Qual o significado das contradições no discurso do IPMA?
E se conjugarmos as analises microbiológicas com o aumento e numero de interdições pela presença de fitoplancton nocivo, as coisas ainda pioram bastante.
Que raio de politica de pesca é esta?

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