quarta-feira, 15 de abril de 2020

OLHÃO: A PANDEMIA E A CRISE ECONÓMICA

1 - A pandemia de Covid 19 não traz apenas uma crise sanitária, sendo consequência de uma grave crise económica e financeira.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), anunciou a previsão de uma quebra do PIB nacional de 8% e de desemprego na ordem dos 14%, números que o ministro da economia deu com prováveis. Com uma quebra tão elevada do PIB, em termos percentuais a divida vai aumentar substancialmente, podendo atingir os 150%.
Para alem da quebra do PIB temos a registar o endividamento do País para fazer à crise sanitária e para a recuperação da economia.
Neste contexto, o rácio da divida em função do PIB, poderá remete-la novamente para a condição de lixo e levar a uma intervenção de uma nova troika se o BCE não comprar parte da divida.
Tudo se conjuga para o aumento da austeridade, que nunca deixou de haver, atingindo de forma desigual o Povo português.
Com a carga fiscal em alta e rendimentos baixos muito dificilmente as pessoas vão poder suportar o que aí vem.
Quando a presidente da Comissão Europeia vem dizer que Portugal tem quatro problemas graves para resolver, entre eles a função publica, a saúde, as pensões e a fragilidade do sector financeiro, está a indicar ao governo qual o caminho a seguir, ou seja cortes e mais cortes.
Porque o sector financeiro está fragilizado não pode ser tocado, quando muito o Estado terá de o apoiar ainda mais, não bastando os vinte mil milhões que ainda lá moram, com os otários a pagar.
2 - A maioria das pessoas parece ter uma memória curta e já se esqueceram das gorduras do Estado, a quantidade de Observatórios, Fundações, Institutos e outros organismos que nem dá para perceber qual a sua razão de existir senão servirem de albergue para os detentores do cartão do partido.
Nas reformas douradas e ou milionárias ninguém ousará mexer porque os seus beneficiários fazem parte da elite que tomou conta do País, independente do "clube" em que jogam.
Nas mordomias da classe politica não se mexe porque eles são decisores em causa própria, capazes de se aumentarem a si próprios enquanto tiram rendimentos aos mais carenciados.
Fixar um tecto aos salários públicos e privados e às reformas está fora de questão porque os principais beneficiários estão ligados à classe politica.
Sendo assim, quem vai pagar a crise?
3 - Com o desemprego a aumentar para níveis muito elevados, a acrescentar aos muitos que já existiam debaixo de números martelados, a uma mais que provável quebra da produtividade (quantidade de trabalho num determinado período de tempo), resultante da aplicação dos meios de protecção, tudo se conjuga para uma quebra ainda mais acentuada do rendimento dos portugueses.
O patronato é que não pode deixar de ter os seus lucros, pelo que usará (já está usando) a crise sanitária para despedimentos ilegais, cujo exemplo mais flagrante são os estivadores do porto de Lisboa.
Depois do ensino à distancia, o governo não vai aproveitar a boleia para proceder a despedimentos de professores? Depois do teletrabalho não ficarão muitos em casa com contratos precários? Que futuro para o mundo do trabalho?
4 - Por mais que o nosso primeiro-ministro venha dizer que não vai haver austeridade, ela não deixará de nos ser imposta. Falta saber como vai o Povo reagir!
Isto coloca uma outra questão, que está relacionada com todos aqueles que agora defendem a presença musculada das forças de segurança e de defesa nas ruas para pôr na ordem os infractores ao Estado de Emergência, mas que depois disso vão levar com o bastão policial quando saírem à rua para contestar as medidas a aplicar. Será que nessa altura também vão defender o estado policial?
5 - O Serviço Nacional de Saúde tem sido vitima de anos de desinvestimento em meios técnicos, humanos e financeiros, com salários muito abaixo das responsabilidades que são exigidas aos seus trabalhadores. Não basta chamar-lhes de heróis, dar-lhes umas palmadinhas nas costas, mas dar-lhes condições de trabalho e de vida dignas de quem se esforça para nos dar vida. Outras profissões com menos riscos, são muito melhor remuneradas. Assim não vamos lá e pior será se forem outra vez, vitimas de cortes.
Não estando bem, é o SNS quem nos acode nesta pandemia, mas parece que é necessário mata-lo de vez!
6 - Os reformados vão ver as suas pensões amputadas ou estagnadas? E depois vão viver do quê?
Os trabalhadores deste País têm que pensar em organizar-se já, para que quando começar a surgir o aumento da austeridade dar uma resposta efectiva à crise que aí vem.
O País precisa de uma mudança de outras politicas que não as de austeridade. Retomar o sector produtivo, destruído sob as orientações da UE!
Organizem-se e lutem!  

3 comentários:

Anónimo disse...

Que grande pancada milagrosa para que anestesiados se organizem e ainda por cima lutar.

Atento disse...

Para quando as compensações financeiras para quem anda na maré na Ria Formosa?
Vale a pena ler este artigo.

mário sioes delfino disse...

Estamos feitos ao bife. Quando a austeridade mexer nas pensões, às grandes reformas
abatem 50 euros, aos pequenos pensionistas retiram 200 euros pelo menos. Veremos.