É já no próximo dia 24 que na Biblioteca Municipal se vai realizar uma consulta, dita publica, da comissão de cogestão do Parque Natural da Ria Formosa.
Desde logo importa saber para que foram criados os Parques Naturais. Tratam-se de áreas protegidas com o objectivo de preservar o património natural e cultural, o mais próximo possivel daquilo que a natureza criou.
Obviamente que, por vezes, se torna necessário alguma artificialização, a qual deve ser acompanhada de medidas compensatórias se tiverem impactos negativos para os objectivos de um Parque Natural.
No caso do Parque Natural da Ria Formosa, cuja delimitação a sul são as ilhas barreira e a norte uma faixa de proteção com mais de quinhentos metros contados a partir da linha de preia-mar de marés equinociais, a artificialização tem trazido impactos negativos, raramente acompanhados de medidas compensatórias. Mas alguma artificialização deve pura e simplesmente ser banida, por desnecessária no seu espaço e violar os objectivos do Parque Natural, como o são a instalação de estufas, da introdução ou de produção de espécies exóticas como o são os abacates ou a ostra giga.
Quando a esmola é farta, o pobre desconfia! Uma consulta deste tipo, promovida por quem finge não ver, servirá apenas para as raposas (autarquias) que estão a guardar o galinheiro (areas protegidas) levarem a cabo a acções que vão degradar ainda mais a descaracterização do património presente.
Basta atentar na imagem acima retirada, hoje, do site da CCDR, onde apenas delimitámos uma parte da Quinta de Marim, sendo que a zona a verde na parte de baixo se situa o Parque Natural da Ria Formosa. Dentro do espaço delimitado a amarelo está a surgir uma plantação de abacates, uma espécie exótica que ninguém do Parque vê, tal o grau de miopia dos guardiões da natureza.
SE a isso, juntarmos a enorme quantidade de mesas de ferro e sacos de plástico onde produzem a ostra giga, outra espécie exótica, mesmo ali perto da sede do Parque, então estamos em crer que a miopia dos guardiões da Ria está a dar lugar à cegueira.
Por ouro lado temos ainda o problema das Barras da Armona e de Cacela. A Barra da Armona durante muitos anos foi a principal barra do sistema, até que a construção da Barra de Faro/Olhao, necessária, veio desequilibrar o eco-sistema. No passado as autoridades tinham uma draga para tratar de compensar o impacto negativo. As novas autoridades, a partir de 2009, condenaram a Barra da Armona ao encerramento! Em Cacela, decorria o ano de 2010, quando alguem se lembrou de satisfazer um pedido e abrir artificialmente uma barra na Peninsula fragilizando-a e contribuindo para que no vendaval seguinte o mar se encarregasse de destrui-la por completo.
Vir agora consultar as populações sem tratar de resolver os problemas que já vem de traz, serve apenas para validar a continuação da destruição do património natural.
Desaparece a maternidade de espécies piscicolas, a ameijoa boa, substituindo-as por espécies exóticas e até as populações são corridas e substituidas por estranhos!
Que rica conservação!