Intervenção de António Pina na CNN. Aposta na linguagem pouco clara, na explicação ineficiente e “baralha e volta a dar” para termos a ideia que o que diz é a verdade. E com a verdade me enganas!
As questões de fundo estão por discutir:
- Reduções drásticas de consumo de água na agricultura, que é a base de desenvolvimento do interior algarvio e um incentivo ao mercado local.
- Continuação da aposta no turismo algarvio, mesmo que isso seja “à custa das laranjas”.
- Vantagens/desvantagens da aposta no turismo à custa da destruição das outras actividades produtivas (pesca, agricultura, …)
- Aposta nas culturas mais consumidoras de água (o famoso abacate e outras que os espanhóis não querem lá e que já estão a pensar em indemnizações, quando nem sequer deviam ter sido autorizadas).
- Desperdício de água urbanas, pelas autarquias e outras entidades estatais com responsabilidades nessa área (para além de outras situações, em Olhão temos o despejo de quilolitros de água doce, várias vezes ao dia, no paredão do cais T, água que há décadas vem canalizada das caves do estacionamento do Pingo Doce e ainda os vários escoamentos de água doce dos grandes prédios com caves, quer para a Ria, quer para a rede de saneamento).
- Valorização dos estudos e das boas prácticas existentes no Algarve, que apresentam alternativas, como é o caso do aproveitamento das águas residuais para a agricultura (e que, por não interessar ao negócio, foi posto de lado e considerado muito caro sem fazer contas).
- As águas subterrâneas são privadas? Cito a DGEG.
“Consignadas na legislação portuguesa como recurso geológico, as Águas Minerais Naturais, as Águas Mineroindustriais e as Águas de Nascente estão enquadradas pela Lei n.º 54/2015, de 22 de junho, que estabelece as bases do regime jurídico da revelação e do aproveitamento dos recursos geológicos existentes no território nacional.
As Águas Minerais Naturais e as Águas Mineroindustriais integram-se no domínio público do Estado, enquanto que as Águas de Nascente são objeto de propriedade privada.”
- As águas do domínio público do Estado deverão ser privatizadas (Águas de Portugal, sociedades como a AdVRSA – Águas de Vila Real de Santo António)?
Finalizando e abrindo a boca de espanto, parece que Presidente da AMAL e também da CMO, agora mudou o bico ao prego.
Passou da defesa incondicional da dessalinização
para uma condenação incondicional da dessalinização
O que mudou? Caiu o governo e deixou de fazer parte no negócio? Quer estar de bem com possíveis opositores que venham a deter o poder, a quem se possa “alapar”? O negócio dos milhões para gastar o PRR é agora a canalização de água do Norte para o Sul? (para continuar a gastar em piscinas e campos de golfe)
São só “lamirés” para pensar. As questões que realmente interessam continuam por discutir.
Pode ler ainda:
http://olhaolivre.blogspot.com/2020/09/algarve-agua-falta-ou-excesso-de-consumo.html
http://olhaolivre.blogspot.com/2022/02/algarve-casa-onde-nao-ha-pao-todos.html