domingo, 4 de fevereiro de 2024

ALGARVE: SECA, ROUPA SUJA E AUMENTO DO PREÇO DA AGUA!

 Há cerca de quinze anos que vimos alertando para para o problema da agua e nada se fez. Os ciclos de seca, são cada vez mais e mais graves.

Nos dias de hoje, em matéria de seca, somos confrontados com problemas conjunturais mas também estruturais e estes são da exclusiva responsabilidade da classe politica no poder. 

Usando das palavras do presidente da AMAL, a agricultura consome 70% do total da agua. É evidente que é que é através da agricultura que se faz o ciclo da agua, mas ainda assim deve haver um equilibrio entre a sua disponibilidade e o consumo.

Obviamente que um tal equilibrio provoca um conflito de interesses entre o sector económico, a produção e  o ambiente, com os produtores a intensificar plantações intensivas e com excessivo consumo de agua.

Se pensarmos que as distancias na plantação de arvores é cada vez mais curta, muitas vezes com intervalos de 3 metros entre elas, teremos cerca de 10 m2 por arvore,  ou seja 1000 arvores por ha, enquanto se o fizessem de 5 em 5 metros, teriamos 25m2 por arvores, ou seja 400 arvores por ha, o que baixaria o consumo de agua na agricultura em cerca de 60%, passando então a um consumo de 28% do total de agua.

O modo de produção intensivo, por maior que fosse a disponibilidade de agua, acabaria por redundar na sua escassez por aumentar também as areas de produção intensiva.

Aliás, o próprio presidente da AMAL, em declarações recentes lembrava que o tempo da amendoeira e da alfarrobeira pertenciam ao passado. A amendoeira e a alfarrobeira, como outro tipo de arvores, fazem parte do pomar tradicional de sequeiro cuja adaptação ao regadio fariam disparar ainda mais o consumo de agua.

Cabe aos responsaveis pela agricultura e pelo ambiente estabelecerem regras para o plantio de arvores, impondo uma densidade adequada às disponibilidades da agua se é que querem alguma medida estruturante, capaz de evitar ou minimizar problemas no futuro.

Quando falta a agua de superficie, das barragens, há a tendencia para a proliferação de furos para captaçao de aguas subterraneas, esquecendo que a descida dos lençois freaticos leva a introdução salina e alteração do ph da agua, tornando-a de fraca qualidade para fins agricolas.

Posto isto, mais do que as medidas conjunturais, torna-se necessário a aplicação de medidas estruturantes.

Compreendendo as dificuldades dos produtores, que veem nesta forma de produção a forma de ganhar uns patacos, lembramos que as dificuldades surgem por parte da distribuição, que fixa o preço, às vezes abaixo dos custos de produção, dos prazos de pagamento. Mas quando chegamos à distribuição não temos o direito de ditar o preço. Este é o sistema que temos. Até quando? Quando é que o Estado intervem, fixando um preço minimo, mas acima dos custos de produção?

Os nossos leitores imaginem que são donos de um artigo que querem vender mas que quem compra é que vai fixar o preço!

Fazer recomendações, como o fez a empresa municipal presidida pelo também presidente da AMAL, para as pessoas lavarem a roupa suja à mão ou com recurso a um programa curto de lavagem na máquina para poupar agua, é ridiculo e não vai resolver nada.

Tal como não será o aumento da agua previsto para o mês de Março que chega a atingir os 50%. Esqueceu o presidente da AMAL que dizia que cada pessoa consome em média 130 litros de agua por dia, quase 4 m3 por mês. O que acontecerá às  familias com dois ou três filhos?

A generalidade das pessoas não se apercebem que a medida, tal como muitas outras, se inserem numa forma de ideologia, a dominante, assunto a que voltaremos neste periodo de campanha eleitoral.

Pode acontecer é que apreendam mais este computador, à semelhança do que aconteceu aos anteriores, mas estaremos cá para continuar a luta.

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