quinta-feira, 18 de abril de 2024

OLHÃO: FUTEBOL, IMOBILIARIO E A SECA

 No mês passado, em sessão de câmara, foi apresentado um projecto de loteamento para o Estádio José Arcanjo e no mesmo espaço temporal um pedido de elaboração de um Plano de Pormenor para a Quinta João de Ourém (Oeste).

Quanto ao projecto de loteamento do José Arcanjo apenas temos a dizer que continua a saga da alienação do património do clube; primeiro o Padinha e agora mais este; dirão que se perdem os aneis mas salvam-se os dedos. Será? Cabe aos socios do clube pronunciarem-se sobre o assunto.

Ainda assim, diremos que as direcções do clube não respeitam o espirito daqueles que quiseram dotar o clube de tão importante património para a prática desportiva. É certo que tal não terá ficado escrito e só se sabe disso pelo escrito num livro de um antigo dirigente, editado pela câmara. Honrar a palavra dada, caiu com os tempos!

Curioso, para além da coincidência temporal, é constatar que o pedido de Plano de Pormenor para a Quinta João de Ourém visa a construção de um novo "Estadio Sporting Clube Olhanense" que acreditamos ser municipal.

A Quinta João de Ourém é uma propriedade privada cujo detentor aproveita para, à pala do novo Estádio, incluir um novo empreendimento imobiliário.

Na versão original do Plano Director Municipal, na quela zona não era permitida a produção agricola intensiva para não contaminar o aquifero que está no sub-solo.

Os aquiferos constituem reservas de agua para situações de seca, como a que atravessamos e para a qual, o presidente da câmara e da AMAL, apresentou restrições ao consumo de agua.

Assim o aquifero Chão de Cevada-Quinta joão de Ourém vai ser impermeabilizado por um projecto imobiliário se o Plano de Pormenor for aprovado, depois da necessária discussão pouco publica, como é hábito.

Como é que um presidente, que se afirma um grande "defensor" do ambiente, que impõe medidas restritivas ao consumo de agua, aceita a impermeabilização daquele aquifero?

Será que em nome do futebol vale tudo? Ou antes, o lucro de uma empresa imobiliária está acima da protecção ambiental?

Tenham vergonha!

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