quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

RIA FORMOSA: A NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS ZONAS DE PRODUÇÃO

 No passado dia 8, como se pode ver em https://www.ipma.pt/pt/bivalves/docs/files/Despacho_1550_2022_Classificaxo_ZDP.pdf, o IPMA fez publicar no Diario da Republica, a classificação de todas as zonas de produção de bivalves do País, entre as quais da Ria Formosa e para o caso em apreço na area de intervenção da Capitania de Olhão.

Como era de esperar, à excepção da zona Olhão 1 que viu finalmente aberta a apanha de ameijoa boa, tudo o mais continua na mesma, com Olhão 3 em classe D, embora no documento apenas apareça como proibida.

A classificação das zonas de produção obedece ao grau de contaminação microbiológica na carne dos bivalves produzidos nessas zonas, sendo que para se decretar a sua proibição a contaminação tem de ser demasiado elevada.

A zona Olhão 3 compreende toda a frente ribeirinha da cidade de Olhão, onde se faz sentir os efeitos das descargas das ETAR, de esgotos directos sem qualquer tratamento, através da rede de aguas pluviais e ainda de ligações a linhas de agua, encanadas ou não.

 

Sendo assim, a câmara municipal de Olhão não pode fugir às responsabilidades que lhe cabem nesta matéria, mesmo que a poluição tivesse origem apenas nas ETAR, cabia-lhe, em nome da população de Olhão, lutar por um tratamento adequado ao meio receptor, uma zona de produção conquicola.

Lembramos que em 2015, anos antes da construção da nova ETAR, apontada como sendo vanguardista, num evento promovido pela APA, Aguas do Algarve e outras entidades, no auditório da CCDR, foi apresentado um power point, onde se apontava para a necessidade de reutilização das aguas residuais na agricultura. Como entrave, se assim se lhe pode chamar, foi trazido à liça o elevado custo do tratamento, pago pelos consumidores na factura da agua e a distancia em relação às zonas de produção agrícola. Depois disso foram construir a nova ETAR precisamente na antiga ETAR Faro Nascente.

Só depois da construção da nova ETAR, é que a zona Olhão 3 foi completamente desclassificada, estando interdita a apanha de bivalves, nesta que é maior zona de produção de Olhão.

Por outro lado, e para se furtar à vigilância do Zé Povinho, a câmara municipal de Olhão, contratou a instalação de comportas nas redes de agua pluviais de forma a que as descargas feitas através delas sejam feitas a horas que ninguém veja.

Esquecem estes cavalheiros, que a sedimentação da matéria orgânica ao longo dos anos vai-se estendendo e daqui a uns anos, não será a penas a zona Olhão 3 mas mais algumas, começando por baixar de classe B para C. No fundo trata-se de uma morte anunciada para a produção de ameijoa e não só, restando apenas a produção de ostra, uma espécie exótica que não devia ser produzida numa área protegida com o estatuto de Parque Natural.

Venham lá dizer que a câmara e a sua empresa municipal não têm responsabilidades na merda que mandam para a Ria!

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