Um pouco por toda a Europa tem vindo a ser contestada as politicas de turismo. Espanha, Italia, Holanda, França são paises onde decorrem manifestações contra o excesso de turismo pelas consequências que tem para o meio ambiente e para os residentes.
Em França ponderam-se restrições por forma a combater o excesso de turismo, como se pode ver em https://www.voltaaomundo.pt/2023/06/20/franca-acaba-com-o-turismo-de-massas/noticias/878374/?utm_source=ojogo.pt&utm_medium=recomendadas&utm_campaign=rec_edit_externo.
E por cá?
Quem promove e aposta tudo no turismo é o poder politico, recorrendo ao marketing promocional, à participação em feiras internacionais de turismo ou de imobiliario, como tem sido o caso da câmara municipal de Olhão.
Desde logo, temos como primeira consequência o aumento do preço das casas, seja para vender ou para alugar. Lá como cá, os proprietários preferem alugueres de curta duração aos mais duradouros, promovendo a escassez no mercado de arrendamento.
Com uma politica habitacional muito fraca, com pouco investimento publico, para não dizer nenhum, com cobrança fiscal demasiado elevada para um bem essencial como é a habitação, promovendo a segunda habitação, estão criadas as condições para as populações locais, neste caso os olhanenses, viverem em barracas ou guetos da periferia.
Uma autarquia que parece funcionar como agência ou promotor imobiliário, sem revelar a menor preocupação com os residentes, afinal são eles que têm a capacidade de tentar mudar o poder através do voto, perante a passividade da generalidade das pessoas, não é de admirar aquilo que se vive em Olhão.
Bem podem fazer publicidade em torno da habitação a custos controlados como se estivessemos perante um grande investimento mas omitindo que após o concurso para atribuição das casas, entram em cena os bancos, os beneficiarios do costume, para que a autarquia recupere logo o dinheiro investido.
Toda a gente tem a percepção de que as obras de requalificação de toda a frente ribeirinha, não têm outro objectivo senão a promoção de segunda habitação (de luxo), o que conjugado com as chamadas areas de reabilitação urbana, também elas com o mesmo objectivo, fazem com que seja impossivel o acesso a uma habitação à maioria dos trabalhadores olhanenses.
Enquanto os olhanenses não se juntarem e derem uma lição ao poder politico, a situação vai-se degradar ainda mais.
É que turistas somos nós que pagamos todo o ano os bens essenciais mais caros, por influência da chamada economia de mercado, com a procura em alta a fazer subir os preços, embora não tenhamos o mesmo tipo de rendimentos dos que nos visitam.
Isto não é estar contra o turismo mas sim contra os excessos que dele resultam.