domingo, 25 de fevereiro de 2024

ALGARVE: DESSALINIZAÇÃO, SIM OU NÃO?

 Depois da chuva dos ultimos tempos, pouco se tem falado de seca. Entretanto foi anunciado a abertura do concurso para a construção da estação de uma dessalinizadora cuja estimativa de custo atinge os 90 milhões de euros, sem as habituais derrapagens.

A agua, seja ela de superficie (barragem) ou subterrânea é publica que é o mesmo que dizer que é de todos e que ninguém tem o direito de dela se apropriar, competindo ao Estado proceder à sua gestão e distribuição.

Em pleno periodo de seca, assistimos a alguns produtores manifestarem-se contra a "auto-estrada" da agua que a levaria de umas regiões para outras, minimizando as carências do sul. Nesta matéria devemos lembrar o principio da solidariedade entre regiões, competindo ao Estado a sua execução, até porque os custos de armazenamento (barragens) dessa agua foi suportado por todos os contribuintes espalhados pelo país.  

Quando se aposta na construção de duas dessalinizadoras, uma para já e outra mais tarde, e tendo em conta o avultado investimento que representam, parece que seria bem mais correcto trazer alguma agua de Alqueva, cujos custos não seriam tão elevados com a construção de mais uma barragem no Sotavento algarvio.

De qualquer das formas, depois da criação de um santuario para espécies piscicolas, construir um dessalinizadora que vai desaguar precisamente junto daquele santuário, parece ridiculo, já que é a própria ONU a alertar para o impacto negativo das descargas delas, como se pode ler em https://tratamentodeagua.com.br/onu-impactos-ambientais-dessalinizacao/.

Aproveitamos para, mais uma vez, alertar para o elevado consumo consumo de agua na agricultura devido  a produções intensivas quando não super intensivas. Este modelo de exploração agricola, pese embora os interesses económicos dos produtores, é susceptivel de no futuro provocar a escassez da agua. Basta olhar para o olival super intensivo ao redor de Alqueva, que era um pomar tradicional de sequeiro e hoje transformado em regadio. E o mesmo vai acontecer com o amendoal.

Da mesma forma que o Estado impôs planos de ordenamento e de urbanização, deve também intervir na regulação da actividade agricola, impondo quadros de densidade que evitem o exagerado consumo de agua, algo que já é feito noutras actividades.

O dinheiro é importante, sem duvida, mas não tão importante quanto a agua, um bem essencial à vida!

 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

FUZETA/ RIA FORMOSA EM RISCO?

 Para quem anda distraído, lembramos que por ano temos dois equinócios, um em Março e outro em Setembro. Durante os equinócios temos as maiores marés do ano, sendo que as do equinócio são potencialmente mais perigosas porque, muitas vezes, se conjugam com períodos de vendaval. É nessa conjugação que normalmente se dão os galgamentos oceânicos, com espraiamento das areias pelo interior da Ria.

Estamos a dias de mais um equinócio e com ele o risco de novo galgamento, tal o estado que a Ilha da Fuzeta apresenta como se pode ver pelas imagens que reproduzimos.




 Como se vê, o cordão dunar perde largura e altura, ficando fragilizado e à mercê de algum vendaval que caso coincida com o preia mar, pode facilmente galgar o cordão dunar e invadir a Ria.

Por outro lado, o molhe oeste da Marina de Vilamoura vai ser prolongado mar adentro, retendo as já poucas areias, não as deixando passar para o lado leste, o movimento tendencial das areias na costa algarvia. 

Há dinheiro para umas coisas mas não há para outras, seja para o alargamento do Porto de Pesca de Quarteira e menos ainda para a, sempre prometida e nunca construída, Barra da Fuzeta.

Recordamos que no tempo da defunta Junta Autónoma dos Portos do Sotavento Algarvio, esta tinha uma draga em regime de permanência com a qual a Ria, as barras e até a costa eram sempre dragadas, mantendo em bom estado de  navegabilidade para a nautica de recreio e pesca.

Mudam-se os tempos e as vontades, sucumbindo aos interesses económicos, preferindo entregar aos privados algo que é da responsabilidade do publico, porque à classe politica não lhes custa. O dinheiro não é deles porque é extorquido ao Povo sob a forma de impostos, taxas e sabe-se lá que mais.

Com a delegação de competências de gestão para as autarquias de areas do dominio publico maritimo sem utilização portuária, será cada vez mais dificil as obras de manutenção do bom estado do cordão dunar das ilhas barreira e da navegabilidade da Ria Formosa.

Vamos aguardar que nada aconteça, mas chamando desde logo a atenção das pessoas para o perigo que espreita e prepara-los para a luta se for caso disso!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Casa Baeta, património de Olhão em risco de ruir! Porque não é este valioso património classificado?

 Em  23 de Outubro de 2014  o blog Olhão Livre publicou um post com este titulo,alertando para o perigo de ruir da Casa Baeta.O texto abaixo tinha sido retirado do site da APOS  e escrito pelo Drº António Paula Brito então presidente da APOS.

"Depois de casa de habitação, uma parte da área desta casa foi alugada à Câmara Municipal de Olhão em 1960 para instalação dos Bombeiros Municipais e em 1989 para a instalação da Galeria Adriano Baptista, Biblioteca Municipal e o Elos Clube de Olhão. Após 2006 o edifício foi entregue aos seus proprietários herdeiros, esperando estoicamente pela sua sorte: demolição, ruína lenta, ou reabilitação…
Chamo a atenção que o edifício só ainda não foi demolido porque a associação APOS elaborou em 2007 uma proposta de classificação patrimonial para a Direção Regional da Cultura (ex-IPPAR). Esta Direção considerou que o edifício só poderia ser classificável num processo municipal pelo que deveria ser a autarquia a apoiá-lo. Infelizmente, a autarquia não só não apoiou como perdeu todos os dossiers de processos municipais em 2009 !!! Ou seja, a autarquia fez desaparecer, voluntariamente ou não, os processos de classificação municipal que foram chegando de outras entidades, nomeadamente o processo da casa Baeta e todos os outros!
A casa Baeta é, como já referi, um símbolo da importância de Olhão na indústria ligada às pescas e na história nacional mas, actualmente, a casa Baeta representa simbolicamente também o que de pior Olhão se transformou na década de 1980 até aos nossos dias. A colocação de portões de alumínio para transformar a casa Baeta num dos espaços “culturais” mais proeminentes da terra, em 1989, é uma metáfora caricata da “política” cultural da autarquia !!! Depois, em 2006, as quatro esferas armilares foram demolidas ilegalmente, com a total conivência da autarquia, numa primeira tentativa de demolir todo o edifício. Desde esse momento, o tempo vai passando sem que a mesma autarquia atue, na esperança hipócrita de que o esquecimento resolva definitivamente o assunto…

 António Paula Brito
2010

 
"Sabemos pelas rede sociais na página de Gomes João,  que os Herdeiros tentaram negociar com a CMOlhão,  para esta adquirir o edficio a troco de um preço simbólico, na condição da CMOlhão restaurar e fazer dela um museu condigno que a riqueza da Casa Baeta,infelizmente a vereação da CMOlhão recusou,tal proposta.Gostávamos de saber o  motivo."Estes textos são do post do post publicado pelo Olhão Livre em 2014. Passado quase 10 anos fomos informados que na página do Facebook Memórias de Olhão apareceu um post de um cidadão holandês a mostrar uma foto da Casa Baeta e a afirmar que queria comprar para restaurar.O mesmo cidadão publicou novo post a informar que a Casa Baeta tinha sido vendida e que era para construir apartamentos.Post esse que segundo nos informaram, teve várias pessoas que se indignaram, perante essa perda de património histórico olhanense. e por obra e arte de magia, o post desapareceu.Será que o post do cidadão holandês, incomodava os DDT em Olhão?
           




domingo, 4 de fevereiro de 2024

ALGARVE: SECA, ROUPA SUJA E AUMENTO DO PREÇO DA AGUA!

 Há cerca de quinze anos que vimos alertando para para o problema da agua e nada se fez. Os ciclos de seca, são cada vez mais e mais graves.

Nos dias de hoje, em matéria de seca, somos confrontados com problemas conjunturais mas também estruturais e estes são da exclusiva responsabilidade da classe politica no poder. 

Usando das palavras do presidente da AMAL, a agricultura consome 70% do total da agua. É evidente que é que é através da agricultura que se faz o ciclo da agua, mas ainda assim deve haver um equilibrio entre a sua disponibilidade e o consumo.

Obviamente que um tal equilibrio provoca um conflito de interesses entre o sector económico, a produção e  o ambiente, com os produtores a intensificar plantações intensivas e com excessivo consumo de agua.

Se pensarmos que as distancias na plantação de arvores é cada vez mais curta, muitas vezes com intervalos de 3 metros entre elas, teremos cerca de 10 m2 por arvore,  ou seja 1000 arvores por ha, enquanto se o fizessem de 5 em 5 metros, teriamos 25m2 por arvores, ou seja 400 arvores por ha, o que baixaria o consumo de agua na agricultura em cerca de 60%, passando então a um consumo de 28% do total de agua.

O modo de produção intensivo, por maior que fosse a disponibilidade de agua, acabaria por redundar na sua escassez por aumentar também as areas de produção intensiva.

Aliás, o próprio presidente da AMAL, em declarações recentes lembrava que o tempo da amendoeira e da alfarrobeira pertenciam ao passado. A amendoeira e a alfarrobeira, como outro tipo de arvores, fazem parte do pomar tradicional de sequeiro cuja adaptação ao regadio fariam disparar ainda mais o consumo de agua.

Cabe aos responsaveis pela agricultura e pelo ambiente estabelecerem regras para o plantio de arvores, impondo uma densidade adequada às disponibilidades da agua se é que querem alguma medida estruturante, capaz de evitar ou minimizar problemas no futuro.

Quando falta a agua de superficie, das barragens, há a tendencia para a proliferação de furos para captaçao de aguas subterraneas, esquecendo que a descida dos lençois freaticos leva a introdução salina e alteração do ph da agua, tornando-a de fraca qualidade para fins agricolas.

Posto isto, mais do que as medidas conjunturais, torna-se necessário a aplicação de medidas estruturantes.

Compreendendo as dificuldades dos produtores, que veem nesta forma de produção a forma de ganhar uns patacos, lembramos que as dificuldades surgem por parte da distribuição, que fixa o preço, às vezes abaixo dos custos de produção, dos prazos de pagamento. Mas quando chegamos à distribuição não temos o direito de ditar o preço. Este é o sistema que temos. Até quando? Quando é que o Estado intervem, fixando um preço minimo, mas acima dos custos de produção?

Os nossos leitores imaginem que são donos de um artigo que querem vender mas que quem compra é que vai fixar o preço!

Fazer recomendações, como o fez a empresa municipal presidida pelo também presidente da AMAL, para as pessoas lavarem a roupa suja à mão ou com recurso a um programa curto de lavagem na máquina para poupar agua, é ridiculo e não vai resolver nada.

Tal como não será o aumento da agua previsto para o mês de Março que chega a atingir os 50%. Esqueceu o presidente da AMAL que dizia que cada pessoa consome em média 130 litros de agua por dia, quase 4 m3 por mês. O que acontecerá às  familias com dois ou três filhos?

A generalidade das pessoas não se apercebem que a medida, tal como muitas outras, se inserem numa forma de ideologia, a dominante, assunto a que voltaremos neste periodo de campanha eleitoral.

Pode acontecer é que apreendam mais este computador, à semelhança do que aconteceu aos anteriores, mas estaremos cá para continuar a luta.