Celebrou-se hoje mais um Dia do Pescador, que contou, em Olhão, com a presença do Secretário de Estado das Pescas e com a distribuição de medalhas. No entanto o Presidente da C.M.Olhão e o secretário de estado não divulgaram, é que vão ser abatidas mais duas traineiras registadas no porto de Olhão.
Os armadores já não suportam que os seus barcos não ganhem sequer para as despesas e que as companhas, a maior parte dos dias que vão ao mar, nem para o aviamento ganhem.
Os ganhos com o peixe que pescam não conseguem acompanhar os aumentos das suas despesas: além do gasóleo subir assustadoramente, também aumentou o custo dos estaleiros e das taxas que têm de pagar ao IPTM, cada vez que têm que pôr as artes em terra e o preço do peixe não acompanha essas subidas; as matriculas e baixas e dos pescadores, de há 10 anos para cá, aumentaram mais de 1000%; também aumentou o custo das vistorias feitas pela Capitania, que nem sempre são feitas a horas, recorrendo muitas vezes a Capitania à manha de documentos pedidos com urgência para serem mais caros.
Para os armadores do cerco, o fim anuncia-se célere, hoje foram duas traineiras, mas se o governo não tomar medidas urgentes e rápidas a frota do cerco (pesca da sardinha, carapau e cavala), vai ter um fim muito rápido.
O secretário de estado das pescas devia era discutir com o Presidente da Câmara o futuro das pescas em Olhão e tomar medidas urgentes, nomeadamente:
- Na pesca da sardinha, em vez de fazerem uma paragem à 2 feira como fazem actualmente, fazer sim uma paragem biológica a sério, durante os meses em que a sardinha está na fase da desova, ou seja, parar a frota durante 2 meses em que os pescadores e armadores teriam direito ao respectivo subsidio de paragem biológica para preservação das espécies, como têm em todos os países da União Europeia.
- Acabar com o leilão actual, começando o leilão por um preço mínimo por espécie, a ser estabelecido por armadores, compradores e Estado e licitava quem desse mais e não quem desse menos.
- Criar uma rede de frio onde o pescado, quando não tivesse comprador, em vez de ser jogado fora, fosse retirado para as câmaras de frio, para ser vendido mais tarde.
- Incentivar os armadores a comercializar o seu próprio peixe, a fazer acordos com as grandes cadeias de supermercados, a negociar com as grandes superfícies do nosso concelho de modo que aí fosse vendido peixe certificado da pesca sustentável, capturado em Olhão.
- Restauro das infra-estruturas do porto de pesca de Olhão.
- Acabar com os 2 esgotos que despejam para dentro da doca sem serem tratados, obrigando a CMO a encaminhar esses esgotos para uma ETAR que funcione dentro das normas europeias.
- Obrigar o IPTM a fazer análises às águas do porto de pesca e à sua divulgação.
- Proibir a escolha do peixe e o lançamento dos restos para as águas da doca.
- Implementar medidas de segurança para os pescadores, nomeadamente o funcionamento do Salva Vidas do ISN na Ilha do Farol 24 horas por dia, pois actualmente só funciona 8h da manhã às 17 horas da tarde.
Em tempo de crise, em vez de se discutirem os problemas e se tentarem aproveitar os recursos que o nosso país tem para gerar riqueza para quem trabalha, distribuem-se medalhas e abatem-se traineiras. Assim vamos longe!!