domingo, 29 de setembro de 2024

OLHÃO: PARQUE DE INOVAÇÃO OU DE INVENÇÃO?

 

Tal como haviamos escrito, trazemos hoje a nossa opinião sobre o Plano de Pormenor para o Parque de Inovação e Tecnologia.
Se os nossos leitores compararem a imagem de cima com a que publicámos sobre a Quinta João de Ourém, vão ver bem da proximidade entre os dois planos e poderão calcular da densidade demográfica que vai surgir naquela zona.
Os Termos de Referência deste Plano contem uma série de contradições para não chamar erros de calculo de um documento que parece saído de uma obra de engenharia do território.
No miolo do documento diz-se que a area de intervenção corresponde a 39 hectares para finalizar no chamado Programa de Usos e Areas de Construção com uma area de intervenção de 485850 m2 ou seja, cerca de 49,5 hectares.
De contradição em contradição, vemos que no Capitulo Económico e Social que a area atribuida à habitação-co-living aponta 86.000m2 enquanto que no Programa de Usos e Areas de Construção neste aspecto se escreve 39602,89 m2.
Mas temos mais. É que no que concerne à habitação acessivel, disponibilizar no arrendamento publico, também se verificam erros. Sobre isto, fala-se em 548 fogos (301 T1 + 155 T2). Ora as nossas contas dizem-nos que aquela soma daria 456 fogos, mas compreende-se porque nós somos burros enquanto a engenharia do territorio apresenta 548 ou seja mais 92 fogos.
Importa ainda perceber que mais se pretende para ali. Assim temos uma clinica que integra a area da saúde, estética e bem estar, com uma area de 18000 m2, quase dois campos de futebol. Mas onde é que nós já vimos isto?
Um colégio internacional para receber crianças desde o pré-escolar até ao 12º ano, com uma area de 32330,70 m2. Tal não acontece por acaso. É que não havendo nenhum outro estabelecimento de ensino, publico, será o estado a financiar o funcionamento do mesmo.    
Está também prevista uma zona comercial com 5953,70 m2.
Para as empresas tecnologicas serão destinados 215535,00m2, nas quais se incluem escritorios multifuncionais, de consultoria e outras actividades.
Acresce ainda a pretensão da instalação de uma polo universitário qual se destinam 30844,07 m2.
A soma destas areas dá 385662,86 m2 mal se percebendo onde se vão encaixar os 353576,00 m2 de espaços urbanos verdes. 
Enfim, eles é que sabem.
Sobre a proposta global, temos a dizer que o objectivo a que se propõe é unica e exclusivamente a alteração do uso do solo, passando de rural a urbano, com mais valias significativas, mesmo que o preço por m2 de solo venha a ser relativamente baixo.
Aliás o documento refere mesmo que o preço por m2 de solo é mais baixo, o que permite a instalação de novas unidades a preços reduzidos. O preço da habitação é mais reduzido (será?), o que permite a atracção de novos residentes para as areas em redor. E eu que julgava que era no dito Parque. A proximidade à zona costeira de Olhão é um atractivo unico para a instalação de novos talentos.
Um filme de engenharia bem concebido, mas não passa disso mesmo.
Com a previsão de 20000 visitantes diarios ao Parque, mais os residentes e os cerca de 5000 trabalhadores sem contar com o movimento que o colegio internacional, mais os clientes da clinica privada, acrescentando os futuros residentes na Quinta João de Ourém, a Variante Norte já está condenada a entupir nas horas de ponta. É um dinheiro jogado fora! 
 Porque o texto já está demasiado terminamos por agora com a promessa de voltarmos a este tema. 

Sem comentários: