O concelho de Olhão tem poucas oportunidades de trabalho e quando aparecem é à custa de magros salários. A maioria dos postos de trabalho são de serviços do Estado, como autarquias, forças de segurança, professores e alguns privados mas a funcionar com dinheiros do Estado como é o caso das IPSS.
Numa economia de mercado, onde os preços são fixados em função da procura/oferta, o aumento do numero de pessoas vai determinar a procura fazendo disparar os preços dos bens de consumo.
Para o aumento do numero de pessoas, em muito contribui o fluxo turistico, não dos hoteis mas do sector turistico/imobiliario, a chamada segunda habitação. Este aumento significativo de pessoas é sazonal mas é o bastante para as pessoas serem afastadas, senão corridas, dos centros urbanos e serem remetidas para a periferia, por falta de condições de pagamento das rendas ou para a compra de habitação. Não bastava a subida de preço dos bens de consumo senão ainda o da habitação.
Quanto maior for a promoção do concelho para fins turisticos maior será aquele fluxo, o que não demove o edil de Olhão que mais uma vez vai levar um stand à Bolsa de Turismo de Lisboa, como se pode ver em https://www.facebook.com/cmolhao/posts/5085455681506581.
Enquanto em muitas capitais, e não só, europeias se luta para conter o turismo para que o mesmo tenha alguma sustentabilidade, aqui aposta-se no crescimento, embora já muita gente questione o excesso de hoteis que se prevê serem construidos a curto/médio prazo.
Porque vivemos numa epoca em que ir contra o pensamento dominante é motivo para rotulos, é bom que se diga que não estamos contra o turismo mas sim contra o seu excesso.
O fenómeno da gentrificação está presente no nosso dia-a-dia, contribuindo para degradar as condições de vida da população residente, na qual se integram já muitos cidadãos estrangeiros, que aqui vivem e consomem. Também eles vão ter de pagar o excesso de turismo!
Claro que sabemos que o que está em causa, é a promoção encoberta de projectos turistico/imobiliarios para vender mais fogos a preços inacessiveis ao cidadão olhanense. Quem é o olhanense que pode comprar um apartamento com preços entre 0s 400.000 e 800.000 euros?
Mas enquanto se promove esta opção, não se promove a empregabilidade com um salário justo, porque tal iria ir contra o pensamento dominante.
Daqui a meia duzia de anos, Olhão estará transformado numa nova Quarteira ou Albufeira; trabalho no verão, desemprego no inverno! Até quando?
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